Na perspectiva do Antigo Testamento, segundo o Catecismo da Igreja, a oração é vista, nas primeiras passagens bíblicas, como um modo concreto e bonito de relacionamento com Deus que se mostra mediante a apresentação de oferendas a Deus, ou pela invocação do nome de Deus, ou ainda como uma caminhada com Deus. À luz dos relatos bíblicos, que nos narram diversas experiências espirituais dos grandes homens de Deus, encontraremos várias noções que nos levam a entender o que seja a oração. No chamamento de Abraão e na sua resposta a Deus, a oração se expressa como uma escuta atenta e silenciosa do coração à voz de Deus e como uma resposta concreta na obediência a Ele, (obediência significa em latim, ouvir com atenção), buscando realizar a vontade de Deus, por meio de ações concretas, e que por sua vez requer como fundamento único o dom da fé na fidelidade de Deus.
“A oração restaura o homem a semelhança de Deus e o faz participar do poder do amor de Deus que salva a multidão”. Na experiência de Jacó a oração pode ser definida como o combate da fé e como a vitória da perseverança. Na profunda experiência de Moisés a oração revela sua dimensão de intercessão, de diálogo com Deus, que por primeiro vem ao seu encontro, revelando sua mais bela face, a da contemplação, pois Moisés falava com Deus face a face.
Neste âmbito a oração se apresenta como um encontro íntimo com Deus. Por sua vez em Davi a oração adquire um rosto novo, de louvor e ação de graças, expressando sua adesão fiel, sua confiança e alegria no Senhor. Já na experiência espiritual dos Profetas a oração é revelada como uma escuta e fidelidade a Palavra de Deus, que impulsiona as específicas missões de falar em nome de Deus. E os salmos são a própria Palavra de Deus que se faz oração, pessoal e comunitária, ensinando-nos a orar sempre, em todas as circunstâncias da vida, se caracterizando pela simplicidade e espontaneidade num contínuo desejo de Deus, aqui a oração reflete a vivência da fé nos diversos acontecimentos da nossa vida.
Na perspectiva do Novo Testamento, com a manifestação do Filho de Deus, a oração encontra sua plena revelação em Jesus, que reza com seu coração humano, sendo um coração de Filho. Desse modo a oração possui uma novidade: a oração se manifesta como oração filial, como um encontro com o Pai. Jesus sendo um homem de oração nos mostra toda a força da oração, e sua importância na vida humana e nos seus momentos decisivos configurando-se segundo o testemunho de Jesus: como uma entrega humilde e confiante a vontade amorosa do Pai, como uma adesão amorosa do coração ao mistério da vontade do Pai, como uma ação de graças, que deve vir por primeiro.
Nos Evangelhos Jesus deixa seu ensinamento sobre a oração, que deve ser assim compreendida: como um encontro filial com o Pai, movido pelo Espírito Santo, que nasce de um coração humilde e reconciliado com todos, fruto de uma fé viva, e em constante vigilância. A oração, em sua própria essência, requer algumas propriedades: primeiro a persistência; depois a paciência e por fim a humildade. A grande novidade que Jesus nos traz, mediante a sua encarnação, é esta: a oração dos discípulos deve ser feita, “em seu Nome”, pois Ele é o caminho, a verdade e a vida, nosso Intercessor diante do Pai. E por fim no Magnificat aprendemos de Maria qual a finalidade última da oração cristã: a união com Deus, nossa comunhão com Ele, “ser todo dele porque Ele é todo nosso”.
Pe. Luiz Fernando
Reitor do Seminário Cristo Ressuscitado – Curitiba/ PR
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