segunda-feira, 27 de abril de 2015

Entenda o verdadeiro sentido do amor

O amor nem sempre vai ser a somatória dos sucessos e das alegrias

Experienciar a cura que vem de Deus para amar não é uma realidade periférica, ao contrário, assim como o pulmão necessita do oxigênio para nos manter vivos, o nosso coração precisa do amor para nos manter realizados. É o amor que dá o sentido à nossa vida, àquilo que nós somos e temos. E eu sei que o amor é desafiante.

Eu quero começar essa homilia com uma frase e uma história. A frase é de Clarice Lispector “Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que eu amava verdadeiramente”.

O amor nem sempre vai ser a somatória dos sucessos e das alegrias, pois existe um caráter oblativo no amor. E isso significa que amar é dar de si ao outro, significa suportar algumas incompreensões, colecioná-las, mas sem desistir do outro. Quantas noites muitas mães passam acordada! Ainda mais quando a criança é recém-nascida. Mas você já ouviu alguma dizer: “Não quero mais brincar disso, não quero mais ser mãe. Vou devolver a criança”? Nunca! Quando nasce o filho nasce a maternidade junto; e a mãe se dispõe a passar uma noite acordada com seu filho. O amor também comporta essa capacidade de amar, mesmo quando dói.

Amar é não esquecer quem o outro é. Deus é assim, quando cometemos pecados, Ele os reconhece, mas também vê cada um de nós como um filho.

Não se esqueça, em primeiro lugar, de quem você é diante de Deus, pois Ele não se esquece de você. E também não se esqueça de quem são as pessoas que Ele colocou em sua vida.

Às vezes, as pessoas nos machucam. Outras vezes, somos nós quem as machucamos, pois exigimos que elas nos amem de uma maneira surreal, pautados nas nossas carências, em nossos vazios.

Não se esqueça de quem as pessoas são na sua vida, do que elas representam. Sobretudo, não se esqueça daquelas pessoas que você não escolhe, mas Deus lhe dá para o acompanhar. O problema é que, muitas vezes, corremos o risco de ficar preso no que é ruim. Mas é preciso aprender a ver o coração de quem amamos e que nos ama. É isso que vai nos sustentar, vai possibilitar a nossa cura.

Hoje, celebramos São Marcos, sobrinho de Barnabé, escritor do segundo Evangelho e colaborador de Paulo e Pedro. Diz a tradição que tanto Pedro quanto Paulo tinham um temperamento difícil. Marcos viu pessoas morrendo, sendo martirizadas – ele mesmo foi martirizado –, mas, no seu Evangelho, não vemos nenhuma queixa, nenhuma lamúria. Marcos entendeu que o amor que nos une é mais forte que a dor que quer nos separar. Não olhe para dor e para as feridas que querem separar você das pessoas que Deus lhe deu para amar, mas faça esse amor se multiplicar cada vez mais por meio de uma decisão. Amor não é somente sentimento, é também decisão e convicção.
1º verbo: revestir-se de humildade. Está no versículo 5b da primeira leitura: “Revesti-vos todos de humildade no relacionamento mútuo” (1Pd5, 5b). Para vivermos esse amor que não se esquece do outro, que não nos deixa desistir das pessoas, precisamos nos revestir de humildade. Mas, infelizmente, a maioria dos relacionamentos acabam por falta de humildade. Você quer ser feliz ou quer ter razão no seu relacionamento? Muitas vezes, não dá para ter as duas coisas. Há pessoas que terminam um relacionamento, porque sempre querem ter razão. Se você quer ser feliz, saiba abrir mão da razão.

2º verbo: rebaixar-se. “Rebaixai-vos, pois, humildemente, sob a poderosa mão de Deus” (1Pd 5,6a). Ninguém consegue vencer no amor se antes não se rebaixar diante de Deus, se não aprender a buscar forças no Senhor, pois amar também é um dom, é natural.

Amar uma pessoa que o fez sofrer é natural? Amar alguém que o decepciona cotidianamente é natural? Não. É sobrenatural. Pra você que não consegue amar quem o faz sofrer, rebaixe-se sobre a mão poderosa de Deus e Ele vai lhe dar a graça de amar. Quem não se rebaixa diante d’Ele, rebaixa-se diante da vida. Quem não se ajoelha diante de Deus, ajoelha-se diante dos problemas.

3º verbo: lançar. “Lançai sobre Deus as vossas preocupações, porque Ele tem cuidado de vós” (1Pd 5,7). Quanta gente não consegue amar e ser feliz por ser escravo das preocupações e agitações! O que você consegue resolver com sua preocupação? O que sua preocupação pode mudar na sua vida, nas coisas que você precisa resolver? Há coisas que você não pode fazer, não pode resolver. Então, lançai sobre Deus as vossas preocupações. Ele tem cuidado de você. O que você não pode fazer, Deus faz por você, desde que você faça sua parte e confie n’Ele.

4º verbo: viver com sobriedade e vigilância. “Sede sóbrios e vigiai” (1Pd 5,8) Viver com sobriedade é fechar as portas para o mal não entrar na sua vida. Vigia, meu irmão! Se você acredita que seu casamento é um grande dom que Deus lhe deu, lute por ele. É muito difícil alguma pessoa cair em pecado se ela não abrir um portinha para ele entrar. Se o pecado entrou na sua vida, é porque você abriu a porta para ele.

5º verbo: resistir. “Resisti-lhe, firmes na fé” (!Pd 5,9). A nossa sociedade tem perdido a capacidade de resistir. Enquanto você estiver vivo, sozinho ou casado, você vai ter problemas e dificuldades.

C.S. Lewis disse que “as dificuldades preparam pessoas comuns para destinos extraordinários”. Nenhum casamento pode ser forte se não passar por alguma dificuldade. Precisamos aprender a resistir, assim como São Marcos resistiu, firme na fé, mesmo diante das perseguições.

Só ama verdadeiramente quem saber vencer a si mesmo e superar o egoísmo, o próprio orgulho. Quando você tem a capacidade de resistir, o vento passa, mexe com a estrutura do seu casamento, da sua vocação, mas se você permanece em Deus, firme na fé. Os frutos que você colhe nem se comparam às dores que você sente. Deus é fiel. Você acredita nisso? Então, aplauda o Senhor.

Papa: “Encontro com Deus é como o primeiro amor”

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Jesus jamais se esquece do dia em que nos encontrou pela primeira vez; peçamos a Deus também “a graça da memória”, para nos lembrarmos sempre. Este foi o centro da homilia do Papa Francisco na missa celebrada na manhã de sexta-feira, 24, na Capela da Casa Santa Marta.

Um encontro: foi o modo escolhido por Jesus para mudar a vida dos outros. Aquele com Paulo de Tarso, perseguidor anticristão que quando chegou a Damasco já era um Apóstolo, foi emblemático. O Papa se deteve neste conhecido episódio da liturgia do dia, mas citou a variedade de encontros contidos nas narrações do Evangelho.
O primeiro encontro
Francisco considera o primeiro encontro com Jesus como aquele que ‘muda a vida’ de quem está à sua frente. João e André, que passam ‘toda a noite’ com o Mestre, Simão que logo se torna a ‘pedra’ da nova comunidade; depois, a Samaritana, o leproso que volta para agradecer por ter sido curado, a mulher doente que se recupera depois de tocar a túnica de Cristo. Foram encontros decisivos, que devem induzir um cristão – afirma o Papa – a nunca se esquecer do seu primeiro contato com Jesus:
“Ele nunca se esquece, mas nós nos esquecemos do encontro com Jesus. Seria um bom dever de casa pensar nisso: Quando senti realmente a necessidade de ter o Senhor perto de mim? Quando notei que tinha que mudar de vida, ser melhor, ou perdoar uma pessoa? Quando ouvi o Senhor me pedir alguma coisa? Quando encontrei o Senhor?”. “A nossa fé – prosseguiu Francisco – é um encontro com Jesus. Este é o fundamento da fé: encontrei Jesus como Saulo hoje”.
A memória de todo dia
O Papa pediu aos presentes: “Questionemo-nos sinceramente: Quando me disse algo que mudou a minha vida ou me convidou a dar um passo à frente, na vida?”.
“Esta é uma bela oração e recomendo que a façam todos os dias. E quando lembrar, alegre-se, é uma recordação de amor. Outra sugestão bonita seria ler as estórias do Evangelho e ver como Jesus se encontrava com as pessoas, como escolheu os Apóstolos…”.
Não nos esqueçamos do primeiro amor
“Também não devemos nos esquecer – conclui Francisco – que Cristo vê “o relacionamento conosco” como uma predileção, uma relação de amor “face a face”: “Rezar e pedir a graça da memória: Quando, Senhor, tivemos o primeiro encontro, quando foi o primeiro amor? Para não ouvir a repreensão que o Senhor fez no Apocalipse: Tenho isso contra você, que se esqueceu do primeiro amor”.
Fonte: Rádio Vaticano