sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Na fonte da Palavra de Deus

Aprendendo com Bento XVI

A imagem da árvore, firmemente plantada no solo através das raízes, que a tornam estável e a alimentam. Sem raízes, seria arrastada pelo vento e morreria. Quais são as nossas raízes? Naturalmente, os pais, a família e a cultura do nosso país, que são uma componente muito importante da nossa identidade.

A Bíblia revela outra. O profeta Jeremias escreve: "Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. É como a árvore plantada perto da água, a qual estende as raízes para a corrente; não teme quando vem o calor, a sua folhagem fica sempre verdejante. Não a inquieta a seca de um ano; continua a produzir frutos" (Jr 17, 7-8). Estender as raízes, para o profeta, significa ter confiança em Deus. Dele obtemos a nossa vida; sem Ele não poderíamos viver verdadeiramente. "Deus deu-nos a vida eterna, e esta vida está em Seu Filho" (1 Jo 5, 11). O próprio Jesus apresenta-se como nossa vida (cf. Jo 14, 6).

Por isso a fé cristã não é só crer em verdades, mas é antes de tudo uma relação pessoal com Jesus Cristo, é o encontro com o Filho de Deus, que dá a toda a existência um novo dinamismo. Quando entramos em relação pessoal com Ele, Cristo revela-nos a nossa identidade e, na sua amizade, a vida cresce e realiza-se em plenitude.

Há um momento, quando somos jovens, em que cada um de nós se pergunta: que sentido tem a minha vida, que finalidade, que orientação lhe devo dar? É uma fase fundamental, que pode perturbar o ânimo, às vezes também por muito tempo. Pensa-se no tipo de trabalho a empreender, quais relações sociais estabelecer, que afetos desenvolver.

Enraizados em Cristo

Nosso tempo traz consigo a superação das barreiras de relacionamento entre as pessoas e, ao mesmo tempo, o fortalecimento das características nacionais ou regionais. Somos uma "aldeia global" e ao mesmo tempo florescem e crescem novas "tribos". Há um mecanismo de defesa nas pessoas! Podemos radicalizar os conflitos ou considerá-los pólos de tensão capazes de gerar uma nova energia, capaz de suscitar um mundo diferente, de acordo com o plano de Deus.

Quando uma pessoa ou uma cultura se dispõem a fazer-se um com o outro, os dois lados ganham! É que a Deus interessa o acordo, a caridade, não tanto que vença um lado ou outro. Quais são as suas raízes culturais? Que tipo de vida você vive? Procure valorizar aquilo que recebeu de sua família. Meu trabalho como Bispo e como Sacerdote me colocou em contato com populações indígenas tradicionais, com as quais aprendi muitas coisas. Uma delas é a valorização do "velho", o ancião que acumulou sabedoria (saber viver!) e pode comunicar às novas gerações.

Lembra-se das histórias de família contadas em sua casa? Já percebeu que existe um filtro natural, deixando de lado as coisas negativas, os fracassos? Olhar para o passado pessoal e familiar com duas atitudes. Se houve erros, aprender a pedir perdão. Os acertos, muita ação de graças a Deus e às pessoas. Viver bem o presente, pois cada momento tem seu cuidado. Quanto ao futuro, esperar que se torne presente. Nós o preparamos vivendo bem.

Raízes de fé! Muitos jovens continuam adolescentes em suas escolhas, pois continuam brigando com o que significa autoridade, paternidade ou maternidade. Lá na sua infância, quando você punha as mãos postas, ali se encontrava a raiz a ser recolhida e valorizada hoje. Raízes de fraternidade! Um provérbio africano diz que "o irmão é o meu olho nas costas", porque vê o que eu não vejo e pode ser uma luz para o meu caminho e minhas decisões.

Encontrar em Jesus Cristo as próprias raízes pessoais significa fazer uma opção livre e decidida por Jesus Cristo, descobrindo-o como medida de nosso agir. O Beato Charles de Foucauld fazia a pergunta: "O que Jesus faria se estivesse no meu lugar?"

João Paulo II, em sua primeira visita à América Latina, no México, ensinou: "Dentre tantos títulos atribuídos à Virgem Maria, no correr dos séculos, pelo amor filial dos cristãos, há um que tem um significado muito profundo: Virgem fiel. Que significa esta fidelidade de Maria? Quais são as dimensões desta fidelidade?

A primeira dimensão é a BUSCA. Maria foi fiel antes de tudo quando, com amor, se pôs a buscar o sentido profundo do desígnio de Deus a seu respeito e para o mundo. "Como se fará isso, se eu não conheço homem algum?, perguntava ela ao Anjo da Anunciação. Já no Antigo Testamento o sentido desta busca se expressa numa expressão de rara beleza e conteúdo espiritual: buscar o rosto do Senhor. Não haverá fidelidade sem que exista, na raiz, esta ardente, paciente e generosa busca, se não houver no coração humano uma pergunta, para a qual só Deus tem resposta, ou melhor dizendo, para a qual só Deus é a resposta.

A segunda dimensão da fidelidade é a acolhida, a ACEITAÇÃO. A pergunta de Maria se transforma em seus lábios num "faça-se em mim segundo a tua palavra". Estou pronta, aceito! Este é o momento crucial da fidelidade, no qual percebemos que nunca compreenderemos de modo completo os motivos. Há nos desígnios de Deus mais áreas de mistério do que evidências. Por mais que façamos, jamais conseguiremos captar tudo. É então que aceitamos o mistério, dando-lhe espaço no coração como Maria que "conservava todas estas coisas, meditando-as em seu coração. É o momento em que nos abandonamos ao mistério, não com a resignação de alguém que se rende diante de um enigma ou de algo absurdo, mas com a disponibilidade de quem se abre para ser habitado por alguém que é maior do que seu próprio coração. Esta aceita se realiza pela fé que é acolhimento de todo o ser ao mistério que se revela.

COERÊNCIA é a terceira dimensão da fidelidade. Viver de acordo com aquilo que se crê. Ajustar a própria vida ao objeto da adesão feita. Aceitar as incompreensões e perseguições sem nunca permitir rupturas com a palavra dada. É o mais profundo da fidelidade.

Mas a fidelidade deverá passar por sua prova mais fácil que exige ser coerente por um ou alguns dias. Difícil e importante é ser coerente, a duração. Por isso a quarta dimensão da fidelidade é a CONSTÂNCIA. É fácil ser coerente por um dia ou alguns dias. Difícil e importante é ser coerente a vida inteira. É fácil ser coerente na hora da exaltação, mas é difícil na hora da tribulação. Só se pode chamar de fidelidade uma coerência que dura uma vida inteira. O "Fiat" de Maria na Anunciação chegou à plenitude no "Fiat" aos pés da Cruz. Ser fiel é não trair nas trevas o que se aceitou em público!"

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Missão Alagoas: Maceió espera pelos missionários do Ministério Jovem

O Ministério Jovem da Renovação Carismática Católica do Brasil se prepara para enviar um grupo de 140 missionários para a cidade de Maceió em outubro, mês das missões. Entre os dias 8 e 14 estes jovens desenvolverão atividades de evangelização e promoção humana na capital alagoana a partir dos seus 70 Grupos de Oração. A escolha se deu pela necessidade de implantação de um trabalho permanente com a juventude e sua difícil realidade social.

Maceió, capital do Estado de Alagoas com uma população de 936.608 habitantes num território de 503 km2, apresenta diversificados pontos turísticos que expressam a beleza da cidade: as praias (que somadas ao clima quente e úmido atraem a população), um rico artesanato e a grandeza de sua história escondida nas paredes das construções antigas, como o Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore, a Igreja de Nossa Senhora do Livramento, a catedral, entre outras.

A economia do município concentra-se na monocultura da cana-de-açúcar ocupando maior parte do território rural. Algumas culturas de pomar como o cajueiro, a mangueira e a jaqueira, também contribuem no fator econômico, não podendo esquecer claro dos coqueirais. No setor secundário o município conta com 1.280 indústrias, sendo no Estado o centro industrial nos setores químico, alimentício, metalúrgico e de plásticos, tendo pouca influência na economia nacional. O setor terciário é o que cresce a cada dia com a abertura de diversos estabelecimentos comerciais ajudando na renda de muitas famílias.

Infelizmente a beleza da cidade vem sendo ofuscada pela realidade social gritante, pois além de ser capital de um Estado que lidera no índice de pobreza com 38,8 % da população sobrevivendo na classe “E”, também carrega 47% da população de crianças e adolescentes envolvidas com drogas, refletindo claro no índice de homicídio de jovens, 251,4 para cada 100 mil habitantes, liderando entre as 100 cidades com a maior taxa de mortalidade juvenil no país.

Diante de toda esta realidade, o projeto Missão Alagoas representa para toda a juventude alagoana o olhar de Deus que pede para enxergar pelos olhos dos jovens que darão suas vidas pela transformação de outros jovens. Assim como um exército de sentinelas que se levanta em ordem de batalha para levar a luz aos que vivem nas trevas, a juventude carismática de Alagoas continua a lançar as redes nas águas mais profundas num período de reconstrução em que todo movimento da Renovação Carismática Católica no Brasil (RCC), especialmente os jovens são convidados a rezarem por esta semana de Missão de 07 à 16 de Outubro, unidos a toda Santa Igreja que lembra ao seu povo neste mês de voltar o seu olhar para os menos favorecidos.

A RCC da diocese de Caicó participará da Missão Alagoas com o envio de dois missionários, Gerson e Andrezza, da cidade de Jucurutu.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Intimidade com Deus, graças e bênçãos marcam o Seminário de Vida no Espírito Santo

PQAAAEJ6mLgSxchb6mfW97O-PqDGJWKxqAcfAzt-RqMc7MxDvGgZlGjYGurJcuJ7ZYTVDhude6Qf9vYyL0thMm43KIEAm1T1UKmehPI4bzYbsWUhqCm_pl1WDaSrUm fim de semana abençoado para a comunidade acariense: assim pode ser resumido o Seminário de Vida no Espírito Santo realizado nos dias 23, 24 e 25 de setembro na Paróquia de Nossa Senhora da Guia, em Acari. O evento foi promovido pela Renovação Carismática Católica da cidade, com a colaboração de membros do movimento das cidades de Currais Novos, Parelhas e Carnaúba dos Dantas.

Nos três dias do evento, cada um dos cerca de 70 participantes teve a oportunidade de fortalecer sua intimidade com Deus, através do louvor, de palestras, momentos de oração e adoração. Temas querigmáticos, como o amor de Deus, pecado, salvação, fé, conversão e amor aos irmãos foram abordados, levando a uma formação completa daqueles que se deixaram conduzir pela poderosa ação do Espírito Santo.

Fortes momentos de oração foram os grandes destaques do evento, entre eles as orações de aceitação de Jesus como Senhor de nossas vidas, cura interior e o Batismo no Espírito Santo, tradicionais da nossa espiritualidade carismática. Durante o seminário ouve ainda atendimento de confissões pelo Padre Stanley, de Currais Novos, e a celebração da Santa Missa pelo vigário paroquial Padre Costa.

Realizado o seminário inicia-se o trabalho de perseverança dos participantes na vida de oração, através dos chamados Grupos de Formação.

A participação da juventude no evento também merece nossa atenção. Cerca de 50 jovens tiveram a oportunidade de encontrar a Deus nesta ocasião. Muitos foram os testemunhos de jovens curados, libertos e que disseram encontrar a razão para mudança de vida, estimulados pelo Espírito Santo. E a missão com esses jovens não acabou junto com o fim de semana, continuando com um trabalho de pastoreio e crescimento na fé realizado pelo Ministério Jovem da RCC Acari.

Vale ressaltar que as bênçãos do Seminário de Vida no Espírito Santo continuam se expandindo e multiplicando no Grupo de Oração Filhos do Céu, que acontece todos os sábados às 19h na Igreja do Rosário, aberto a toda a comunidade.

Confira as fotos do evento:

 

E um lembrete, aqueles que participaram do Seminário de Vida no Espírito Santo estão convidados a continuarem seu crescimento na fé através da participação nos Grupos de Perseverança, encontros semanais que visam a formação dos participantes. A reunião para maiores esclarecimentos sobre esses grupos será realizada na quinta-feira, 29/09, às 19h30 no Centro Paroquial.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Seminário de Vida no Espírito Santo será realizado este fim de semana

A RCC Acari está em preparação espiritual para a realização de mais um evento. Dentro de alguns dias promoveremos mais um Seminário de Vida no Espírito Santo, evento que realizamos anualmente para toda a comunidade paroquial que deseja ter um momento de conhecimento de Deus e de si mesmo por meio de orações e palestras.

A realização de um Seminário de Vida no Espírito Santo movimento todos os servos da RCC, não só os da cidade que o promove, mas também de diversas outras da diocese, que contribuem com pregadores e intercessores que ajudam na condução dos três dias de encontro.

No Seminário de Vida no Espírito Santo o participante é levado a um encontro com Deus, com Seu infinito amor, que nos cura, liberta, converte e salva, nos dando forças contra o pecado e fazendo crescer em nós um grande amor pela Igreja e pelos irmãos.

Participe do Seminário de Vida no Espírito Santo que iremos realizar. Será nos dias 23, 24 e 25 de setembro, na Capela de São Francisco de Assis, no bairro Ari de Pinho. O evento não tem fins lucrativos, sendo pedida apenas uma pequena taxa de inscrição, no valor de R$ 5,00, para as despesas com locomoção e hospedagem dos missionários.

SEMIN üRIO

Os interessados devem fazer sua inscrição com os membros da RCC, no Grupo de Oração do sábado, e antes das missas dominicais. Faça sua inscrição ainda procurando o Centro Paroquial, das 8h às 11h da manhã. Se achar mais cômodo, também estaremos fazendo inscrições na sexta, às 18h30, antes do início do evento.

FAÇA SUA INSCRIÇÃO TAMBÉM ON-LINE, CLICANDO AQUI

Você ainda pode ligar para 9666-7335 ou enviar um e-mail para rcc.acari@yahoo.com.br para mais informações sobre o evento e as inscrições.

sábado, 17 de setembro de 2011

Papo de Domingo: “POR ACASO NÃO TENHO O DIREITO DE FAZER O QUE QUERO COM AQUILO QUE ME PERTENCE?” (Mt 20,15)

Olá amigos! Este Domingo é muito especial para a Igreja no Brasil! Na cidade consagrada a São Paulo, o Apóstolo das Gentes, para quem o “viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fl 1,21), chegam entre nós a Cruz da Jornada Mundial da Juventude e o Ícone de Nossa Senhora, presentes do Papa João Paulo II aos jovens. Dia histórico! Dia em que somos convidados a olhar para a juventude do Brasil e orar por ela! Dia em que consagramos nossa evangelização juvenil ao Senhor, a quem esta evangelização pertence!

E é exatamente sobre isto que desejo partilhar com vocês neste Papo de Domingo! A Evangelização da Juventude no Brasil e o Evangelho de hoje tem “tudo a ver”! Se é momento histórico então é momento de conversão e de vida! É momento favorável para olharmos para nossos grupos, organismos, lideranças e expressões juvenis e nos esforçarmos para “viver à altura do Evangelho de Cristo” (Fl 1,27a)! E a que o Evangelho nos convoca? A darmos ao Senhor do Reino o direito de “fazer o que quiser com aquilo que lhe pertence” (Mt 20,15), isto é, a condução dos trabalhos em sua Vinha.

Assista o vídeo promocional para a Acolhida da Cruz da Jornada Mundial da Juventude no Brasil


“Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha” (Mt 20,2)

Quando olhamos para muitas de nossas comunidades, percebemos uma grande riqueza! O povo católico é capaz de criar, inventar e reinventar maneiras de tornar o Evangelho mais conhecido e vivido por todos! São pastorais, movimentos, organismos, associações, expressões, comunidades novas, congregações religiosas... que dão às nossas Paróquias e Dioceses o caráter de serem de fato “comunidade de comunidades”.

Nosso Deus não é miserável! É dele a diversidade da natureza! É dele a diversidade de culturas! É Ele um Deus que, de princípio, é comunidade de Três Pessoas. E isto se reflete em nosso meio na maneira como seu Espírito, que conduz a história de nosso povo, a Igreja, distribui seus dons, carismas e ministérios – tantos quantos forem necessários para que o Evangelho se faça real em nosso mundo.

São muitos os trabalhadores chamados! Uns mais antigos, outros mais recentes. Uns mais organizados, outros menos; uns com estatutos e orientações claras, outro não; uns com planejamentos, outros no improviso... Uns da esquerda, outros da direita, alguns de “nenhum”; uns da ação, outros da oração; uns ricos, outros pobres; de tudo o que é tipo de jeito, de tudo o que é tipo de gente...

E na juventude não é diferente... Quantas formas e maneiras distintas de se achegar aos jovens, e feita pelos jovens mesmo! Nossos bispos do Brasil, em 2007, assim nos disseram: “Queremos colaborar com a pluralidade de pastorais, grupos, movimentos e serviços que existem em nossas Igrejas particulares para que trabalhem em conjunto, visando ao bem da juventude, e para que os nossos jovens, reconhecidos como sujeitos e protagonistas, contribuam com a ação de toda a Igreja, especialmente na evangelização dos outros jovens.” (Evangelização da Juventude, 5).

“Estás com inveja, porque estou sendo bom?” (Mt 20,15)

Acontece que o Reino dos Céus é exatamente como esta vinha do Evangelho! E como na vinha do Evangelho, os trabalhadores nem sempre se entendem...

Quando fizemos a experiência deste Reino cada um de nós descobriu o sentido de suas vidas! Eu me lembro muito bem de quando Deus me chamou pra trabalhar nesta vinha, há 17 anos atrás. Eu pensava que todo mundo tinha que fazer a experiência que “eu” tinha feito, do mesmo jeito! De certo modo, isso não era ruim! Afinal, quando descobrimos um tesouro, queremos logo contar para os nossos amigos e partilhar a nossa alegria!

O problema começa quando consideramos que somente a “nossa” experiência é válida... Ou que Deus somente fala por meio de nosso grupo ou nossa expressão juvenil. E quando olhamos para o lado e percebemos que tem gente encontrando sentido na vida de um modo diferente do nosso, achamos estranho. De repente notamos que “o mesmo pagamento”, a “mesma recompensa” de alegria no Espírito, de felicidade por participar de algo grande, de ousadia por querer mudar o mundo, também acontecem fora da cerquinha de nosso grupo... E alguns podem ter a tentação de ficar “verdes” de inveja...

Sim, “inveja” por achar que aquele grupinho está recebendo a mesma atenção que nosso grupo recebia... Inveja por considerar que somente nosso grupo é fiel de verdade ao Evangelho, ou à Igreja, ou à Tradição, ou às Moções do Espírito, ou ao Catecismo da Igreja, ou ao Papa, ou aos Bispos, ou aos Pobres... Inveja porque aqueles que chegaram agora estão sendo acolhidos. Inveja por achar que aqueles que são mais antigos deveriam desaparecer, porque somente “nosso” grupinho novo está respondendo aos novos tempos... Inveja...

“Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti” (Mt 20,14)

A palavra que mais aparece no Salmo de hoje é “tudo”. “O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura. É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz. Ele está perto da pessoa que o invoca, de todo aquele que o invoca lealmente” (Sl 144,9.17-18). E isto não ocorre à toa, do mesmo jeito que não é à toa Jesus usar o termo “Reino de Deus”, ou, no caso de Mateus (que escreve para comunidade judaica e que evita usar a palavra “Deus”) “Reino dos Céus”. O Reinado não é nosso... É dEle. Ele é o Senhor, nós seus “servos inúteis”. Tudo é dEle: todos os “jeitos” de ser Igreja fiéis ao seu Evangelho... Afinal, tudo que é legitimamente humano, é legitimamente divino.

Os filhos da Igreja – todos eles – precisam compreender que o Reino pertence a Deus, e não a nós. Não somos nós os donos da verdade... Nós somos possuídos pela Verdade que é Deus, e precisamos ser fiéis a Ele. Nenhum de nossos grupos, pastorais, movimentos e organismos resume ou inclui tudo da riqueza que é Deus. É Ele o dono da Vinha e tem o direito, justamente porque é o dono, de fazer tudo o que quiser com o que é dEle (Mt 20,15).

Cremos nisto ou não? A Igreja é mistério de Salvação, e não um clubinho de disputas políticas por mais espaço, mais prestígio, mais apoio e mais influência. E ela corresponderá mais ao Reino de Deus se entregar o senhorio de fato a quem tem o direito de ser o Senhor: Jesus Cristo – aquele que MORREU NA CRUZ, renunciando radicalmente a querer ser chefe aos moldes de Pilatos, Anás, Caifás e Herodes. Lembremo-nos, irmãos: A AUTORIDADE DA IGREJA NASCE DA BACIA DO LAVA-PÉS, E NÃO DA BACIA DE PILATOS. ELA BROTA DO LADO ABERTO DO CRUCIFICADO, E NÃO DA MANIPULAÇÃO DE ANÁS E CAIFÁS! ELA SE ALIMENTA DA EUCARISTIA, E NÃO NOS BANQUETES DE HERODES... Não podemos nos perder nas disputas por espaço e poder enquanto jovens à nossa volta precisam que lhes lavemos os pés; que demos a vida por Eles; que lhes alimentemos com o Pão da Vida...

Irmãos condenando irmãos... Denuncismos via Sites... Acusações via Redes Sociais... Instituições umas contra as outras... Boicotes às tentativas de unidade... Brincadeiras de mau gosto com práticas e usos dos nossos irmãos... Piadinhas com outros modelos eclesiais... Tudo isto deveria desaparecer de nosso meio ao lermos este Evangelho de Domingo. “Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Mt 20,16a) É, meus amigos... Sei que peguei pesado... Mas não posso me calar diante daquilo que vejo. Sei que muito já foi feito. Sei que demos passos importantes em nosso país. Mas já que hoje acolhemos a Cruz de Jesus Cristo entre nós, e já que caminhamos para o que pode ser o maior evento católico da história da Igreja no Brasil, então vale a pena refletirmos. Vale a pena nos colocarmos de novo crucificados com Jesus para sermos mais parecidos com Ele. Todos somos dEle! Que saibamos dar a Ele o senhorio na condução de seu povo!

E vamos TODOS JUNTOS caminhar atrás desta Cruz, que passará por TODOS os cantos de nosso Brasil, convocando-nos TODOS à plena comunhão de vida e de amor. Pois o Reino só acontece quando TODOS os filhos do mesmo Pai se reúnem com Ele ao redor de sua Mesa!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Bote Fé: evento marca a chegada da Cruz da JMJ no Brasil

Os jovens brasileiros que participavam da jornada de 2011, receberam a Cruz e o Ícone que chegam ao Brasil neste domingo

Em 1984, o Papa João Paulo II entregou aos jovens do mundo inteiro uma Cruz peregrina e um Ícone de Nossa Senhora que se tornaram os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). A partir de 1994 estes símbolos passaram a percorrer em peregrinação os países que receberiam a JMJ um ano antes do evento.

No dia 25 de agosto de 2011 em Madrid, os jovens brasileiros que participavam da jornada de 2011, receberam a Cruz e o Ícone que chegam ao Brasil neste domingo, dia 18 de setembro em São Paulo. Uma grande festa será feita para marcar a chegada da Cruz e do ícone a São Paulo, iniciando assim a preparação da JMJ Brasil 2013. O “Bote Fé” acontecerá das 9h às 21h no Parque de Materiais da Aeronáutica (PAMA), próximo ao Campo de Marte.

O “Bote Fé” é o evento de acolhida da Cruz Peregrina e quer reforçar entre os católicos a importância da evangelização da juventude. Segundo Dom Tarcísio Scaramussa, Bispo auxiliar de São Paulo, em entrevista ao site Jovens Conectados, esta “é uma convocação para os jovens, de modo especial, 'botarem fé em Cristo', acreditarem nele, se firmarem em Cristo, como base de sua fé”. E Completa, “mas também é uma convocação para toda Igreja a uma atividade missionária para animar as comunidades, melhorar a auto-estima, acreditar realmente que Cristo ressuscitou que Cristo é vida”.

Muitos shows, reflexões sobre a jornada e testemunhos dos brasileiros participantes da JMJ Madrid 2011 farão parte desta festa. Assim como São Paulo, o “Bote Fé” está previsto para acontecer em mais 17 regionais da CNBB dentro do período de peregrinação.

Devido ao tamanho do Brasil, os símbolos chegaram dois anos antes da jornada, diferente de como geralmente acontece, para que as 275 dioceses brasileiras possam recebê-los e assim fazerem sua preparação.

A partir do dia 19 de setembro, segunda-feira, a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora saem em peregrinação pelo estado de São Paulo. O segundo estado a recebê-los é Minas Gerais e o último será o Rio de Janeiro, onde em julho de 2013 acontecerá a Jornada Mundial da Juventude.

Além de todas as dioceses do Brasil, a Cruz e o Ícone também visitarão as capitais dos países do Cone Sul, Buenos Aires (Argentina), Assunção (Paraguai), Santiago (Chile), Montevidéu (Uruguai).

No site “Jovens conectados”  você encontra mais notícias e também o cronograma de atividades do “Bote Fé” São Paulo.

A Cultura de Pentecostes

pentecostesDurante o Pontificado de João Paulo II (maio de 2004) e de Bento XVI (setembro 2005), tem havido um forte encorajamento para que a Igreja propague a Cultura de Pentecostes. Obviamente este é um conceito amplo, com várias dimensões, mas, sem dúvida, este chamado encontra eco na Renovação Carismática. Por ocasião do 40º aniversário da RCC, o Cardeal Rylko, Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, falou sobre a experiência do batismo no Espírito ou efusão do Espírito. Ele disse que esta experiência, que é central para a Renovação Carismática e que tem envolvido milhões de católicos em todos os continentes, poderia ser o ponto de partida para a Cultura de Pentecostes.

É, portanto, importante que abracemos o nosso mandato. Não fomos chamados apenas a ser pessoas que experimentaram um “Pentecostes pessoal”, que é obviamente muito importante, mas junto com essa experiência vem uma responsabilidade. Somos chamados a ser canais para as graças de Pentecostes na Igreja e no mundo. Quando o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos no Cenáculo, todos ficaram cheios do Espírito Santo. Eles experimentaram não apenas uma renovação pessoal, mas foram também capacitados com dons tais como a oração em línguas / glossolália e com coragem, o que lhes permitiu modificar poderosamente a cultura ao seu redor. Eles foram transformados e Pedro, que era um leigo sem instrução, foi capaz de convencer de tal forma as multidões que elas aceitaram sua mensagem e foram batizadas. Naquele primeiro dia, cerca de 3.000 novos convertidos foram acrescentados em número. Em todo o Livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas registra muitos casos em que os apóstolos agiram no poder do Espírito Santo e, consequentemente, a Igreja começou a crescer em número (por exemplo, Atos 2, 47; 4, 4; 5, 14; 6, 1; 7; 11, 21 e 24). Portanto, a graça de Pentecostes é essencialmente uma graça missionária. Embora reconhecendo que na Renovação Carismática não temos um monopólio do Espírito Santo, parece que temos uma vocação especial para sermos embaixadores do Espírito Santo e difundir a Cultura de Pentecostes. Isto foi enfatizado pelo Papa João Paulo II em 2002, quando ele disse: "No nosso tempo, que é tão ávido de esperança, faça que o Espírito Santo seja conhecido e amado. Ajude a trazer para a vida aquela "Cultura de Pentecostes", que só ela pode tornar fecunda a civilização do amor e da co-existência amigável entre os povos. Com insistência fervorosa, não vos canseis de invocar "Vinde Espírito Santo! Vinde! Vinde! "(Discurso aos delegados da Renovação no Espírito Santo).


Saindo da Espiritualidade de Pentecostes para a Cultura de Pentecostes
O desafio para a RCC não é manter a espiritualidade de Pentecostes limitada ao Grupo de Oração, ou mesmo  restringi-la apenas à Renovação Carismática. A evangelização deve ser uma prioridade para nós, como foi para os apóstolos, quando deixaram o Cenáculo. Já em 1992, o Papa Bento (então Cardeal Ratzinger) escreveu: "Será que vamos descobrir o segredo do primeiro Pentecostes na Igreja? Será que vamos oferecer-nos humildemente ao poder renovador do Espírito Santo para que Ele possa nos libertar da nossa pobreza e da nossa total incapacidade de realizar a tarefa de anunciar Jesus Cristo aos nossos semelhantes?... O Cenáculo é o lugar onde os cristãos se deixam, ao acolher o Espírito Santo, ser transformados pela oração. Mas é também o lugar de onde saimos para levar o fogo de Pentecostes aos irmãos e irmãs "(Revista New Covenant).

A Graça de Pentecostes é uma Graça Missionária

Claramente, o Pentecostes é para o mundo. Trata-se de transformar a sociedade através do poder do Espírito Santo. A Cultura de Pentecostes cria uma sociedade que respeita a dignidade humana através do reconhecimento de que a humanidade é feita à imagem e semelhança de Deus.

É uma sociedade na qual a esperança reina de forma suprema e a luz brilha mais forte do que qualquer escuridão. É exatamente o oposto do relativismo cultural que permeia grande parte do nosso mundo. Em uma conferência em Lucca, Itália, em 2005, Salvatore Martinez definiu a Cultura de Pentecostes como "o antídoto para o mal obscuro do mundo". Em resposta, o Cardeal Rylko disse: "Temos que aprender o método do Espírito Santo que opera na história e renova a face da terra, para não sermos vencidos pelo mal".

Nós todos temos uma responsabilidade, como indivíduos e como Grupos, de discernir as formas pelas quais o Senhor nos chama a sermos os promotores da Cultura de Pentecostes. Uma maneira em que isso vai acontecer é intensificando a Espiritualidade de Pentecostes na Igreja. A partir deste local de intercessão, estaremos habilitados a estender a mão para o mundo, promovendo a Cultura de Pentecostes através do testemunho de nossas vidas e através das obras de misericórdia e justiça.


Michelle Moran
Extraído de: Boletim do ICCRS - Março / Abril de 2010

domingo, 11 de setembro de 2011

Papo de domingo: “ATÉ SETE VEZES?... SETENTA VEZES SETE...” (Mt 18,21-22)

A partir de hoje traremos, sempre na noite do sábado ou no domingo pela manhã a coluna Papo de Domingo, que traz os ensinamentos do Evangelho numa linguagem jovem e dinâmica. A coluna é escrita pela coordenação nacional do Ministério Jovem e postada originalmente no portal RCC JOVEM.

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Olá amigos Sentinelas da Manhã! Mais de um mês que não conversamos por aqui, não é mesmo? Um pouco antes, durante e um pouco depois da JMJ não me foi possível escrever este Papo de Domingo.Mas agora retomamos, e com uma liturgia especial! Somos convidados a experimentar o perdão de Deus e sermos reflexos deste mesmo perdão!

Assim nos ensina Igreja: “O perdão misericordioso que damos aos outros é inseparável daquele que nós próprios procuramos. Se não formos misericordiosos e não nos perdoarmos reciprocamente, a misericórdia de Deus não chegará ao nosso coração” (YouCat 524).

Nossos cálculos... Acostumados a calcular preços e fazer orçamentos; a prever o tempo; a planejar o futuro; em suma, a calcular a vida; nós, com frequência, queremos calcular e planejar nossos relacionamentos interpessoais. Calculamos qual é a melhor pessoa para sermos amigos, planejamos estrategicamente com quem devemos nos associar para conseguir mais vantagens, prevemos a quem vale a pena ofender e diante de quem devemos necessariamente nos calar, e assim por diante. Racionalizamos tudo... Pedro não escapou a essa tentação: “Quantas vezes devo perdoar meu irmão?” Pergunta ele ao Senhor, pensando ser generoso quando diz sete vezes... Se compararmos Pedro com muitos de nós, veremos que ele realmente foi generoso! Quantas vezes escuto dizer (e às vezes eu disse também o_O): “Uma vez eu perdoo, mas duas vezes é demais!”; “Não olho mais na cara desse traidor!”; “Dei o troco!”; “Essa &#$%$#@% mereceu...”; “Viu como Deus castiga?”

Deus castiga??? O peso das ofensas Nossas ofensas tem pesos diferentes dependendo da situação de quem é ofendido. Por exemplo: posso dar um beliscão no meu cachorro, em uma criancinha de colo, no meu filho, no meu irmão, no meu amigo, no meu chefe no trabalho, ou na Rainha da Inglaterra... O ato ofensivo é o mesmo: dar um beliscão. Mas o significado do fato ofensivo varia de acordo com a importância do ser que é ofendido. Ao beliscar meu cachorro posso simplesmente “pagar” minha ofensa recebendo uma mordida... Mas, se beliscar meu chefe, dependendo do contexto, pago com meu emprego. E se beliscar a Rainha da Inglaterra, certamente vou pra cadeia acusado de terrorismo! Imagine o significado e a importância que tem “dar um beliscão em Deus”?

Em outras palavras, uma ofensa feita a Deus tem o “peso de Deus”, isto é, tem valor infinito. Se uma ofensa à Rainha da Inglaterra me faz ir pra cadeia para reparar meu crime, uma ofensa ao Senhor dos Senhores não pode ser reparada... Deus é o onipotente. Se quiser “cobrar” minhas ofensas e dívidas, estou simplesmente perdido! Na verdade, diante Deus estamos sempre em dívida! Ele nos criou por amor, nos salvou por amor, nos santifica por amor, nos sustenta na existência por amor. Jamais poderemos pagar tamanho amor! É uma “enorme fortuna” (Mt 18,24).

Além disso, nossos pecados ofendem a Deus, que tem importância infinita. Nossa ofensa tem peso universal e infinito diante de Deus. Jamais poderíamos pagar, seja qual fosse o preço (castigo?) a ser cobrado pelo pecado. Tudo é dele! Nada pode ser dado a Ele que já não o pertença: “vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor.” (Rm 14,8) NOSSA DÍVIDA É IMENSA!!! Mas Deus não a cobrou! Não colocou no “Serviço de Proteção ao Crédito”! Ele simplesmente a perdoou, porque “quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem” (Sl 102,11). O Deus feito homem (Jesus Cristo) se negou a cobrar a dívida! Não executou a pena de morte que pesava para conosco! Ele escolheu morrer a nos matar! Escolheu perdoar e amar! Ele nos deu sua vida e no perdão de nossas dívidas, nos recriou em sua misericórdia! Somente um amor infinito pode perdoar uma dívida infinita! EIS O NOSSO DEUS!!! Se Deus é assim... Se Deus, que é ofendido infinitamente, é assim, nós estamos obrigados a perdoar!

Voltemos aos beliscões... Se a Rainha da Inglaterra perdoasse meu beliscão, eu deveria ter, no mínimo, vergonha de exigir compensação pelo beliscão de uma criancinha de dois anos de idade! É este o caso da parábola de hoje! Se Deus perdoa infinitamente, quem sou eu para limitar o meu perdão? Não posso e nem devo calcular o perdão! Como Jesus devo dizer sempre: “Pai, perdoai-o, porque não sabe o que faz”. Não nos custa muito: silenciar diante de um ataque de histeria; falar amavelmente com quem me ofendeu; respeitar quem me insultou, sem procurar dar-lhe o troco; dar a mão ou mesmo abraçar a quem se aproxima para pedir desculpas, ao invés de fazer “bico”; lutar e preferir sofrer mas não buscar a vingança; adiantar-me em saudar aquele com quem tive uma desavença; rezar por quem me ofendeu; convencer-me de que não era intenção da pessoa ofender-me; passar por cima das pequenas ofensas do dia a dia... Na verdade, não nos custa nada... Mas significa tudo!

Significa que, por ser mais parecido com Deus, poderei viver com Ele para sempre! Por ser semelhante a Ele no amor, participarei com Ele da vida! E serei mais feliz! A eucaristia é a mesa da comunhão: Comunhão com os irmãos, pois nos sentamos ao redor da mesma mesa e comemos do mesmo Pão! Comunhão com Deus, que se senta à mesa conosco e manifesta ser nosso amigo! Comunhão no Reino, pois quem comunga partilha com Deus e os irmãos os ideais e a vida de Jesus! A Eucaristia celebra nossa reconciliação com Deus feita na Cruz!

É o sacrifício deste perdão dado no alto do Calvário e atualizado para nós hoje. É o maior sinal de um Deus que não nos cobra as nossas dívidas, mas se faz dádiva presente nas espécies do pão e do vinho. Ao olharmos para o Senhor dos Senhores, olhemos também para os “pobres endividados” dos nossos irmãos e irmãs que nos ofenderam, que não merecem, mas podem receber nosso amor e perdão. Afinal, nós também não merecemos, mas fomos amados por Deus com todo o amor de seu Coração!.

sábado, 10 de setembro de 2011

O zelo de um Líder

zelo_lider

Certas palavras e frases evocam imagens mentais que nos ajudam a compreender um determinado conceito. Embora as imagens nos ajudem a compreender, determinados conceitos são difíceis de serem expressos em palavras. Além disso, palavras ou frases evocam diferentes imagens e noções para diferentes indivíduos ou grupo de indivíduos. Por esta razão, gostaria de convidá-los a refletir brevemente sobre o título deste artigo e deixá-lo evocar uma imagem e uma noção básica do que o mesmo significa para você. Este exercício, básico mas importante, é necessário, pois não tenho a intenção de descrever ou de qualquer forma tentar oferecer um modelo ideal de líder zeloso. Peço que você mantenha a sua própria imagem e conceito, já que a imagem ideal, para ser eficaz, deve ser moldada dentro de um ambiente particular. Considero ser o meu papel, neste esforço, ser apenas um trocador de cena. Dando um cenário diferente para a imagem percebida por você, posso ajudá-lo a observar e analisar esta imagem sob uma nova luz.

A fim de trazer um fundo mais claro, preciso separar e discutir brevemente as duas palavras-chave em nosso título, Zelo e Líder. No final, tentarei unir as duas noções para um cenário completamente novo.

Zelo
A palavra em inglês “Zelo” traduz a palavra grega “zelos”, que literalmente significa “calor” ou “chegar a ferver”. Figurativamente, é usada em dois sentidos diferentes: em um sentido positivo, é um grande ardor ou entusiasmo por uma causa, uma pessoa ou um objeto, a que normalmente nos referimos como zelo, e no sentido negativo é o lado mais sombrio da inveja ou ciúme. No Novo Testamento, a palavra “zelos” é, portanto, traduzida tanto como zelo (Jo 2,17; Rm 10,2; 2 Co 7,11) ou como inveja ou ciúme (cf. Rm 13,13; Tg 3,14.16). Etimologicamente, o termo remete a um amplo espectro de emoções fortes que podem variar de uma morte para si mesmo, em um ato de amor, a um espírito assassino de inveja e ódio.

Discutindo zelo em relação ao amor, Tomás de Aquino (ST I-II, Q. 28, a. 4) conclui que o zelo surge a partir da intensidade de amor a um objeto, pessoa ou causa. Isto motiva o “amante” em direção a um objeto com uma força tal que o compele a suportar e eliminar todos os obstáculos que surgem no caminho. A Isso ele chama de amor de concupiscência. Por outro lado, o zelo motivado pelo que ele chama de amor de amizade é estimulado pelo bem do outro, incluindo a força para remover obstáculos que podem prejudicar o bem do outro.

Líder
Sempre fiquei intrigado pelo fato de que na RCC o termo “líder” tem prevalecido. Provavelmente, o termo denota a estrutura solta que caracteriza a nossa realidade, que por sua vez, contribui para a construção de um conceito particular de “líder”. Provavelmente, existem tantas definições de líder como o número de líderes e por esta razão vou tentar manter-me o mais próximo possível da essência de liderança.

O próprio Jesus forneceu o conteúdo desta essência quando Ele disse aos seus discípulos: “Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (Mc 9,35). O serviço é realmente uma excelente marca de liderança, mas Jesus deu ao mesmo um fundamento mais profundo, já que em unidade com o Pai Ele dá a vida pelas suas ovelhas amadas (cf. Jo 10,11-15). Em suma, a liderança cristã é uma peregrinação a partir da morte para si para a vida no Deus trino que se expressa no serviço aos outros.

Antes de ir para o Pai, Jesus garantiu que revelou o melhor de seus discípulos através de ensinamentos, treinamento e finalmente, através da experiência única do batismo no Espírito Santo. Somente assim Ele poderia confiar-lhes a missão de evangelizar o mundo. Desta forma, outra característica essencial da verdadeira liderança é a cerimônia do envio — envio de discípulos maduros e capacitados para o mundo.

Liderando com Zelo
Sintetizar as duas ideias não oferece nenhuma provação grave, uma vez que existe uma base comum: a intensidade do amor. O amor é a essência do Deus Uno e Trino (cf. 1 Jo 4,8.16). O universo inteiro e, especialmente, a economia da salvação refletem a beleza interior não criada de Deus que é amor dinâmico. Poderíamos dizer que zelo é amor em ação, já que o amor é eterno e criativo, movendo-se em novos e desconhecidos territórios e manifestando-se em misericórdia, confiança, esperança e fidelidade.

Na prática, o zelo pode manifestar-se em tarefas como organizar novos eventos, trazer ideias brilhantes, ensinar com paixão e exortar com ardor. Estes são elementos necessários, mas devem ser apenas manifestações exteriores do zelo verdadeiro que é como Cristo em sua natureza. João, o Evangelista, lembrou o Salmo 69: “É que o zelo de vossa casa me consome”, quando Jesus expulsou os vendedores e cambistas do templo (cf. Jo 2,17). O Zelo incorpora um inflamado desejo de compreender a visão de Deus para seu povo e, como Jesus, estar pronto para ser consumido pela causa.

Um líder zeloso é sempre motivado e impelido por uma visão inspirada por Deus que busca o bem e a proteção de todos. Como o zelo coloca o amor em ação, ele edifica a comunidade, mas respeita a diversidade no chamado especial de cada pessoa. Ele nos lança a uma jornada de auto-doação através do serviço humilde para a maior glória de Deus.

Jude Muscat
Extraído de: Boletim do ICCRS - Outubro / dezembro 2010

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Formação: A Juventude e a RCC

jovens

A opção preferencial pelos jovens não é exclusividade apenas da RCC, mas de toda a Igreja Católica e porque não dizer, também de Jesus Cristo, pois é certo que os jovens constituem uma extraordinária força para a sociedade, para a Igreja e com certeza, para a RCC do mundo.

Olhando para o jovem, podemos ter um retrato da Igreja que seremos no futuro, uma vez que os jovens de hoje serão os sacerdotes, bispos, catequistas, pais, mães e profissionais que estarão à frente da Igreja, da sociedade e da RCC daqui alguns anos. A Igreja tem clareza disto e com certeza, a RCC também e em vista disto, não pode se furtar a investir e se ocupar da evangelização e formação da juventude.

...Nos jovens, efetivamente, a Igreja lê o seu caminho para o futuro que a espera e encontra a imagem e o convite daquela alegre juventude com que o Espírito de Cristo constantemente a enriquece.” (Christifideles Laici, 46).

A juventude é uma fase da vida em que se vive grandes desafios, problemas e incertezas, mas é também a fase em que se concentram em maior intensidade características como: sonhos, vigor físico, ousadia, coragem, generosidade, espírito de aventura, gosto pelo risco, idealismo, alegria, abertura de coração, interesse e abertura ao novo, busca e gosto pela convivência em grupo, liberdade de tempo, interesse pelo voluntariado — sensibilidade pelas manifestações artísticas e culturais, coração aberto à fraternidade, às amizades e à generosidade e um grande desejo de construir um mundo sempre melhor e mais bonito.

A RCC é marcada e caracterizada por uma presença significativa de jovens e alguns destes atuando em diversas frentes e serviços, todavia, ainda em pequeno número, se comparado ao grande número de participantes em eventos específicos para a juventude.

É fato que estes jovens desejam participar ativamente da vida de suas comunidades, que têm muitas sugestões sobre o que pode ser feito para melhoras ali e que querem dar suas contribuições, contudo, nem sempre encontram o espaço necessário para isto. Também é fato que para muitos ainda faltam a formação e a maturidade necessárias para assumirem certas atividades, o que faz necessária a busca de um equilíbrio em tudo isto, a fim de que todos possamos juntos enriquecer a RCC e a Igreja.

Olhando para a juventude hoje, podemos fazer um retrato da RCC nos próximos anos. Entretanto, apesar destas maravilhosas características mais evidenciadas na fase da juventude que citei acima e, graças a Deus, muitas delas encontradas abundantemente entre os jovens que frequentam a RCC, necessitamos olhar também para a realidade da juventude que temos hoje chegando a nossos grupos de oração e nossos eventos e sobretudo, para a realidade da juventude de modo mais amplo na nossa sociedade e por consequência em nossos lares, escolas, universidades, etc. e buscarmos a visão real da nossa juventude hoje, juventude esta pela qual fazemos a nossa opção preferencial enquanto RCC. Tendo a RCC como missão a evangelização através do Batismo no Espírito Santo e consequentemente, tornar Jesus Cristo e Sua Igreja mais conhecidos e amados por todos, não podemos nos deter aos jovens que já estão em nossos Grupos de Oração, mas precisamos buscar a todos e enquanto houver um único jovem que ainda não tenha sido batizado no Espírito Santo, nossa opção preferencial pelos jovens enquanto RCC não terá terminado. Assim, precisamos da visão da realidade atual dos jovens, pois sabemos que a visão gera em nós sonhos, os sonhos geram motivação, a motivação gera ações e as ações geram as transformações necessárias.

Encontramos em nossa sociedade hoje uma juventude com falta de referencial em casa; ausência de amizades sólidas; aumento do consumo de drogas lícitas (álcool e cigarro) e ilícitas (entorpecentes); pouco interesse pelos estudos; uso indiscriminado e abusivo da comunicação virtual; forte apelo e incentivo ao consumismo exacerbado; falta de transmissão de valores pelas instituições mais tradicionais como a família e a escola; famílias desajustadas e desestruturadas; educação de baixa qualidade; protecionismo e falta de limites na infância e adolescência; indiferença; novas formas de expressões culturais, produtos da globalização (música, dança, arte, moda, padrões físicos de beleza, alimentação, etc.); acesso limitado a atividades esportivas, lúdicas e culturais, depressão, falta total de inicialização na fé; individualismo, etc.

É dentro desta realidade que precisamos trabalhar para resgatar em nossa juventude as características que lhes são próprias e sobretudo, os frutos do Espírito Santo de Deus (Gl 5,22-23), para que se tornem líderes valentes e decididos, forjados pelo Espírito Santo e sejamos na Igreja e para o mundo, rosto e memória de Pentecostes!

Não podemos medir esforços nesta luta e nem perder tempo, pois hoje já temos na RCC uma geração de jovens que estão constituindo família — famílias de carismáticos, que precisam aprender a viver a vida no Espírito, para que seus filhos nasçam e cresçam dentro de uma nova cultura, a Cultura de Pentecostes.

Podemos sonhar com esta nova cultura sendo resgatada. Há 40 anos a RCC vem vivenciando isto e buscando transmitir a experiência de Pentecostes. Hoje já contamos com uma juventude madura, que conheceu Jesus ainda bem jovem ou mesmo na infância e à partir deles, se trabalharmos firmemente neste sentido, a nova geração da RCC contará com crianças que desde a sua concepção já farão parte de uma família autenticamente carismática, que vive uma fé viva e assim construirmos uma nova civilização, a Civilização do Amor. Eu creio firmemente que isto é possível e que está ao nosso alcance e num futuro não muito distante, mas depende de nós, de nossas atitudes hoje para com a evangelização e formação integral do jovem, de nosso compromisso com esta opção preferencial pelo jovem dentro da RCC.

Depois de toda esta reflexão, da visão da realidade e do Sonho de ver esta juventude protagonizando a Civilização do Amor, aventuro-me humildemente a motivar algumas ações bastante simples, mas que podem gerar transformações, se levadas a termo com seriedade por cada um de nós e por nossas comunidades paroquiais e diocesanas.

É notório que temos duas frentes para trabalharmos: jovens que já são membros da RCC e jovens que ainda não ouviram falar de Jesus, sendo que devemos considerar ainda que mesmo entre os que já caminham na RCC temos muitos que ainda não receberam o kerigma e nem foram batizados no Espírito Santo. Vejo também que temos em nossas mãos um instrumento valiosíssimo, que precisamos usar com maior eficácia e unção, que são os nossos Grupos de Oração.

1.Entendo que devamos incentivar a formação de Grupos de Oração voltados para a Evangelização Jovem. Evidentemente que estes grupos não serão limitados à participação de jovens, serão grupos abertos a todos que desejarem participar, contudo, a dinâmica destes deverá ser mais voltada à juventude, com músicas mais animadas, animação mais forte, linguagem adequada para os jovens nas pregações, orações e dinâmicas voltadas à realidade juvenil, testemunhos dentro desta realidade, sem, contudo deixar de ser profundo e ungido.

2.A motivação, incentivo e orientação para a busca de um orientador espiritual também se faz necessária. Hoje em dia são poucos os jovens que buscam a orientação espiritual, não tem mais sido uma prática habitual entre nós.

3.Discipulado — não é possível sonharmos com lideranças fortes entre a juventude da RCC, se não estivermos dispostos ao nobre serviço do discipulado. Esta é outra prática que temos deixado cair em desuso em nossas comunidades. Evidentemente que vamos encontrar uma série de justificativas (acúmulo de atividades, falta de tempo, entre tantas outras), contudo, precisamos encontrar maneiras adequadas para um discipulado eficaz dos nossos, ou não teremos os frutos necessários; Não adianta cultivar a terra, lançar a semente e depois não cuidar da árvore que nasce e inclusive ajudar a direcionar os frutos que ela produz. Precisamos ser e fazer Discípulos de Jesus Cristo e não há outra forma, senão com o pastoreio eficaz. É no pastoreio que vamos ensinar com muito zelo, carinho e unção nossos jovens à vivência da oração pessoal, a fidelidade à Palavra de Deus, a vivência dos sacramentos, o estudo da Doutrina Cristã Católica, a leitura orante da Palavra de Deus, o exercício e a prática dos carismas, a oração em família, as práticas devocionais e de caridade e muito mais. E o mais lindo nisto, é que enquanto ensinamos os outros pastoreando-os, aumentamos cada vez mais o zelo pela busca pessoal de nossa própria santidade! Nos tornamos modelo, referência para os outros e isto faz com que tenhamos a necessidade de cada vez mais nos tornarmos parecidos com Jesus e com Maria.

4.Retiros de Aprofundamento, com um número não muito grande de participantes, que possam ser acompanhados em pequenos grupos durante o evento, que deve trabalhar temas específicos (oração, vida de santidade, afetividade, frutos do Espírito, Carismas, relacionamentos, vocação, finanças, etc.) e de preferência por um mesmo pregador do início ao fim, para seguir uma mesma linha de raciocínio e formação. Estes retiros devem primar por momentos de silêncio e escuta, bem como pelas partilhas em grupo, a fim de que os jovens possam falar também e não apenas ouvir lindas pregações, mas partilharem de suas realidades pessoais e orarem sobre elas individualmente ou em pequenos grupos.

5.As atividades missionárias costumam atrair muito os jovens, exatamente porque para estas se fazem necessárias boa parte das características próprias da juventude (ousadia, alegria, coragem, generosidade, abertura de coração, sensibilidade, amizade, solidariedade, etc.). Com as atividades missionárias atingimos as duas frentes que precisamos trabalhar, que são os jovens que já conhecem Jesus e os que ainda não o conhecem e ambos são fartamente abençoados por Deus! Elas podem ser realizadas nas praias, nos hospitais, nos colégios, nas universidades, nas praças, de casa em casa, onde quer que seja. Muitas vezes os maiores frutos nas atividades missionárias são colhidos pelos próprios missionários, que fazem a experiência de deixar Deus agir através deles e vivem isto concretamente. As atividades missionárias aquecem o coração de quem participa, proporciona testemunhos pessoais, permite a ação do Espírito Santo, liberta, gera alegria, fortalece a fé e reaviva o Amor de Deus em nós e por nós. Além disso, evidentemente que gerará frutos para os Grupos de Oração e para a RCC e a Igreja como um todo. A RCC é um movimento essencialmente missionário, contudo, em muitos lugares temos nos limitado a atividades voltadas somente para dentro dos Grupos de Oração e o resultado disto, entre outras coisas, é que temos um povo hoje que não sabe mais realizar estas atividades e por conta disto, precisamos dar formações, para algo que sempre foi natural entre nós.

O Papa João Paulo II deposita suas esperanças na juventude. Chamava-a de “As Sentinelas da Manhã”, que anunciam um novo tempo. A Juventude Carismática vive o seu chamado de sentinelas da manhã sendo apostola da efusão do Espírito Santo!

Ierece Gilberto e Marcos Volcan
Extraído de: Boletim do ICCRS - julho / setembro 2010

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Realize aqui a sua inscrição on-line para o Seminário de Vida no Espírito Santo

Este ano trazemos mais uma novidade pra você que deseja participar do Seminário de Vida no Espírito Santo. Você pode fazer sua inscrição virtualmente, não é prático? Mas atenção, para a efetivação da sua inscrição será necessário o pagamento da taxa de inscrição no valor de 5 reais que deve ser apresentada na sexta a noite no início do evento, queremos lembrar que a taxa de inscrição é cobrada com a finalidade de quitarmos as despesas de deslocamento, hospedagem e alimentação dos missionários que ministrarão o evento. Mais informações clicando aqui.
Use o formulário abaixo para realizar sua inscrição prévia.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Creio, mas não pratico

Quando, num encontro de amigos, a conversa gira em torno de assuntos religiosos, é comum alguém declarar, com naturalidade e segurança: "Creio, mas não pratico!" Trata-se de uma afirmação que parece ser tão bem formulada, tão lógica, que, normalmente, ninguém a contesta. Assim, dias depois, em outro grupo, se a discussão for também sobre questões religiosas, é possível que alguém volte a fazer a mesma afirmação. Mais do que uma afirmação isolada, essa idéia de que se pode acreditar sem colocar em prática aquilo em que se acredita é tão comum que já se tornou uma mentalidade em muitos ambientes.

A justificativa desse comportamento varia de pessoa para pessoa. Há aquela que deixou de lado a prática religiosa pela decepção com um líder da comunidade; outra, sem perceber, abandonou, pouco a pouco, sua vida de fé: passou tanto tempo sem ler a Palavra de Deus, sem rezar e sem assistir à missa dominical que, quando notou, já havia organizado sua vida de tal maneira que não havia mais espaço para expressões religiosas; outras pessoas tinham um conhecimento tão superficial de sua religião que, sem grandes questionamentos, a abandonaram. Há, também, as que procuram o batismo dos filhos, a missa de formatura ou de sétimo dia, tão somente como atos sociais.

Afinal, é possível crer sem praticar? Algumas pessoas deixam a prática religiosa com o argumento de que buscam uma maior autenticidade. Dizem não gostar de normas e ritos: preferem uma religião "mais espiritual", sem estruturas. Esquecem-se de que somos seres humanos, não anjos. Os anjos não precisam de sinais, gestos e palavras para se relacionarem. Nós, ao contrário, usamos até nosso corpo como meio de comunicação. Traduzimos nossos sentimentos com um sorriso ou um aperto de mão, uma palavra ou um tapinha nas costas; fazemos questão de nos reunir com a família nos dias de festa e telefonamos para o amigo, cumprimentando-o no dia de seu aniversário; damos uma rosa para nossa mãe e nos encantamos com o gesto da criança que abre seus braços para acolher o pai que chega. Como, pois, relacionar-nos com Deus tão somente com a linguagem dos anjos, que nem conhecemos?

A fé nos introduz na família dos filhos e filhas de Deus; nela, é essencial a prática do amor a Deus e ao próximo. Nossa família cristã tem uma história, uma rica tradição e belíssimas celebrações. Pode ser que alguém não as entenda. Mas, antes de simplesmente ignorá-las ou, pior, de desprezá-las, não seria mais prudente procurar conhecê-las, penetrar em seu significado e descobrir seus valores? O essencial, já escreveu alguém, é invisível aos nossos olhos.

Não se pode querer uma fé sem gestos, com a desculpa da busca de maior autenticidade. O Pai eterno, quando nos quis demonstrar seu amor, levou em conta nosso jeito de ser, de pensar e agir. Mais do que expressar "espiritualmente" seu amor, concretizou-o: enviou-nos seu Filho, que habitou entre nós. Algumas Bíblias, em vez de traduzirem o ato descrito pelo evangelista João, na forma clássica - "e o Verbo se fez carne, e habitou entre nós" (Jo 1,14) -, preferem a expressão: "e armou sua tenda no meio de nós", para expressar a idéia de que Deus, em Jesus Cristo, passou a morar em uma tenda ao lado da nossa. Em sua primeira carta, S. João dá um testemunho concreto dessa experiência de proximidade: "O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e o que as nossas mãos apalparam da Palavra da Vida (...) isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco" (1Jo 1,1.3). Ele considerou ter sido uma graça especial ter podido ouvir, ver e tocar o Filho de Deus. Jesus, por seu lado, tendo assumido a natureza humana, submeteu-se a ritos: passou noites em oração, foi ao Templo de Jerusalém e frequentou sinagogas.

"Creio, mas não pratico". A fé ("creio") e a vida ("não pratico") não podem estar assim separadas. Por sua própria natureza, devem estar unidas. Uma fé sem obras é morta; obras, mesmo que piedosas, sem fé tornam-se vazias.

Dom Murilo S. R. Krieger, scj

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Que tal começar tudo pela Palavra de Deus?

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A Palavra de Deus rege todas as coisas

Jesus é o motivo de todas as coisas existirem. “Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito” (Jo 1, 3). Cristo é o Senhor, e tudo Lhe está submetido, tanto o mundo material quanto o angélico, "para que, ao nome de Jesus, se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos" (Fl 2, 10), também toda matéria e forma, viva ou inanimada, estão sob Seu olhar.
“Nenhuma criatura lhe é invisível. Tudo é nu e descoberto aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas” (Hb 4, 12-13). Jesus veio revelar também ser Ele o Verbo Encarnado do Pai, a Palavra criadora (cf. Jo 1, 14). Palavra que quis se colocar em meio a nós, perpassando e agindo em nossas realidades: “a palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão” (Is 55, 11).

A Palavra de Deus rege todas as coisas. Se, então, a Palavra pode trazer essa eficácia, por que nos privamos de nos orientar por ela quando vamos empreender algo?
Queira ser um agente que propaga a Sagrada Escritura. A força e a sabedoria ali contidas provêm da boca do Senhor e não de nós. Deus não a deixará cair no descrédito. É do interesse divino que a Bíblia transmita Seus efeitos onde quer que ela seja colocada em prática e proferida, ainda que seja por nosso intermédio, servos fracos e sujeitos ao pecado.
Podemos contar sempre com os efeitos da vontade de Jesus em nossas iniciativas. Leve sempre a Bíblia aonde você for.

Comece tudo o que for fazer com a oração de um trecho bíblico, como um salmo por exemplo. Ao acordar, antes de pegar o trânsito, antes de iniciar um trabalho ou ministério, leia um versículo, busque uma passagem relacionada com a situação que você está vivendo. Com certeza, Deus lhe falará, pois Ele quer participar de sua vida. Destaque textos da Sagrada Escritura e os cole em lugares por onde for passar, na cabeceira da cama, no interior do carro, na porta da geladeira, nos cadernos e nos aparelhos de seu trabalho. Se, por vezes, enfeitamos nossos pertences com diversos dizeres, frases de efeito, figurinhas e personagens, por que não fixar também neles um versículo bíblico? Aproveite para lê-los e rezar todas as vezes em que visualizá-los.

Não se trata de separar textos que mais nos agradam e vivê-los isoladamente. Queira, com essa prática, aprender a amar a Palavra de Deus para ser Evangelho vivo, comungando-O na sua totalidade. Essa sugestão é uma maneira de memorizar trechos ou inspirar-se num lema para vida ou tempo presente.

Viver conforme a Palavra de Deus configura-nos segundo a Pessoa de Jesus, Verbo Eterno, de forma a permitirmos que Sua voz tenha poder sobre todo o nosso ser: "Porque a palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração" (Hb 4, 12). Assim, também será com nossas ações e sobre o que elas desencadeiam, suas consequências e resultados.

Estas passarão a ter eficiência, tal como o coração de Deus quer imprimir nas situações em que colocamos a Palavra de Deus em prática, segundo os desígnios divinos e não somente para o alcance que imaginamos num primeiro momento.
Todas as realidades contidas na Pessoa da Palavra serão favoráveis em nossa vida, mesmo quando não entendermos o porquê de um fato acontecer daquela maneira. No final, testemunharemos que tudo concorrerá para um bem maior, pois o Altíssimo quer sempre o melhor para nós, como afirma a Bíblia: "Tudo contribui para o bem dos que amam a Deus" (Rm 8, 28).
Começar pela Palavra também é colocar Jesus em primeiro lugar.

"Antes de qualquer tarefa, vem a palavra verdadeira" (Eclo 37, 20).

Deus o abençoe!

Sandro Aparecido Arquejada-Missionário Canção Nova
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