sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Formação: A Juventude e a RCC

jovens

A opção preferencial pelos jovens não é exclusividade apenas da RCC, mas de toda a Igreja Católica e porque não dizer, também de Jesus Cristo, pois é certo que os jovens constituem uma extraordinária força para a sociedade, para a Igreja e com certeza, para a RCC do mundo.

Olhando para o jovem, podemos ter um retrato da Igreja que seremos no futuro, uma vez que os jovens de hoje serão os sacerdotes, bispos, catequistas, pais, mães e profissionais que estarão à frente da Igreja, da sociedade e da RCC daqui alguns anos. A Igreja tem clareza disto e com certeza, a RCC também e em vista disto, não pode se furtar a investir e se ocupar da evangelização e formação da juventude.

...Nos jovens, efetivamente, a Igreja lê o seu caminho para o futuro que a espera e encontra a imagem e o convite daquela alegre juventude com que o Espírito de Cristo constantemente a enriquece.” (Christifideles Laici, 46).

A juventude é uma fase da vida em que se vive grandes desafios, problemas e incertezas, mas é também a fase em que se concentram em maior intensidade características como: sonhos, vigor físico, ousadia, coragem, generosidade, espírito de aventura, gosto pelo risco, idealismo, alegria, abertura de coração, interesse e abertura ao novo, busca e gosto pela convivência em grupo, liberdade de tempo, interesse pelo voluntariado — sensibilidade pelas manifestações artísticas e culturais, coração aberto à fraternidade, às amizades e à generosidade e um grande desejo de construir um mundo sempre melhor e mais bonito.

A RCC é marcada e caracterizada por uma presença significativa de jovens e alguns destes atuando em diversas frentes e serviços, todavia, ainda em pequeno número, se comparado ao grande número de participantes em eventos específicos para a juventude.

É fato que estes jovens desejam participar ativamente da vida de suas comunidades, que têm muitas sugestões sobre o que pode ser feito para melhoras ali e que querem dar suas contribuições, contudo, nem sempre encontram o espaço necessário para isto. Também é fato que para muitos ainda faltam a formação e a maturidade necessárias para assumirem certas atividades, o que faz necessária a busca de um equilíbrio em tudo isto, a fim de que todos possamos juntos enriquecer a RCC e a Igreja.

Olhando para a juventude hoje, podemos fazer um retrato da RCC nos próximos anos. Entretanto, apesar destas maravilhosas características mais evidenciadas na fase da juventude que citei acima e, graças a Deus, muitas delas encontradas abundantemente entre os jovens que frequentam a RCC, necessitamos olhar também para a realidade da juventude que temos hoje chegando a nossos grupos de oração e nossos eventos e sobretudo, para a realidade da juventude de modo mais amplo na nossa sociedade e por consequência em nossos lares, escolas, universidades, etc. e buscarmos a visão real da nossa juventude hoje, juventude esta pela qual fazemos a nossa opção preferencial enquanto RCC. Tendo a RCC como missão a evangelização através do Batismo no Espírito Santo e consequentemente, tornar Jesus Cristo e Sua Igreja mais conhecidos e amados por todos, não podemos nos deter aos jovens que já estão em nossos Grupos de Oração, mas precisamos buscar a todos e enquanto houver um único jovem que ainda não tenha sido batizado no Espírito Santo, nossa opção preferencial pelos jovens enquanto RCC não terá terminado. Assim, precisamos da visão da realidade atual dos jovens, pois sabemos que a visão gera em nós sonhos, os sonhos geram motivação, a motivação gera ações e as ações geram as transformações necessárias.

Encontramos em nossa sociedade hoje uma juventude com falta de referencial em casa; ausência de amizades sólidas; aumento do consumo de drogas lícitas (álcool e cigarro) e ilícitas (entorpecentes); pouco interesse pelos estudos; uso indiscriminado e abusivo da comunicação virtual; forte apelo e incentivo ao consumismo exacerbado; falta de transmissão de valores pelas instituições mais tradicionais como a família e a escola; famílias desajustadas e desestruturadas; educação de baixa qualidade; protecionismo e falta de limites na infância e adolescência; indiferença; novas formas de expressões culturais, produtos da globalização (música, dança, arte, moda, padrões físicos de beleza, alimentação, etc.); acesso limitado a atividades esportivas, lúdicas e culturais, depressão, falta total de inicialização na fé; individualismo, etc.

É dentro desta realidade que precisamos trabalhar para resgatar em nossa juventude as características que lhes são próprias e sobretudo, os frutos do Espírito Santo de Deus (Gl 5,22-23), para que se tornem líderes valentes e decididos, forjados pelo Espírito Santo e sejamos na Igreja e para o mundo, rosto e memória de Pentecostes!

Não podemos medir esforços nesta luta e nem perder tempo, pois hoje já temos na RCC uma geração de jovens que estão constituindo família — famílias de carismáticos, que precisam aprender a viver a vida no Espírito, para que seus filhos nasçam e cresçam dentro de uma nova cultura, a Cultura de Pentecostes.

Podemos sonhar com esta nova cultura sendo resgatada. Há 40 anos a RCC vem vivenciando isto e buscando transmitir a experiência de Pentecostes. Hoje já contamos com uma juventude madura, que conheceu Jesus ainda bem jovem ou mesmo na infância e à partir deles, se trabalharmos firmemente neste sentido, a nova geração da RCC contará com crianças que desde a sua concepção já farão parte de uma família autenticamente carismática, que vive uma fé viva e assim construirmos uma nova civilização, a Civilização do Amor. Eu creio firmemente que isto é possível e que está ao nosso alcance e num futuro não muito distante, mas depende de nós, de nossas atitudes hoje para com a evangelização e formação integral do jovem, de nosso compromisso com esta opção preferencial pelo jovem dentro da RCC.

Depois de toda esta reflexão, da visão da realidade e do Sonho de ver esta juventude protagonizando a Civilização do Amor, aventuro-me humildemente a motivar algumas ações bastante simples, mas que podem gerar transformações, se levadas a termo com seriedade por cada um de nós e por nossas comunidades paroquiais e diocesanas.

É notório que temos duas frentes para trabalharmos: jovens que já são membros da RCC e jovens que ainda não ouviram falar de Jesus, sendo que devemos considerar ainda que mesmo entre os que já caminham na RCC temos muitos que ainda não receberam o kerigma e nem foram batizados no Espírito Santo. Vejo também que temos em nossas mãos um instrumento valiosíssimo, que precisamos usar com maior eficácia e unção, que são os nossos Grupos de Oração.

1.Entendo que devamos incentivar a formação de Grupos de Oração voltados para a Evangelização Jovem. Evidentemente que estes grupos não serão limitados à participação de jovens, serão grupos abertos a todos que desejarem participar, contudo, a dinâmica destes deverá ser mais voltada à juventude, com músicas mais animadas, animação mais forte, linguagem adequada para os jovens nas pregações, orações e dinâmicas voltadas à realidade juvenil, testemunhos dentro desta realidade, sem, contudo deixar de ser profundo e ungido.

2.A motivação, incentivo e orientação para a busca de um orientador espiritual também se faz necessária. Hoje em dia são poucos os jovens que buscam a orientação espiritual, não tem mais sido uma prática habitual entre nós.

3.Discipulado — não é possível sonharmos com lideranças fortes entre a juventude da RCC, se não estivermos dispostos ao nobre serviço do discipulado. Esta é outra prática que temos deixado cair em desuso em nossas comunidades. Evidentemente que vamos encontrar uma série de justificativas (acúmulo de atividades, falta de tempo, entre tantas outras), contudo, precisamos encontrar maneiras adequadas para um discipulado eficaz dos nossos, ou não teremos os frutos necessários; Não adianta cultivar a terra, lançar a semente e depois não cuidar da árvore que nasce e inclusive ajudar a direcionar os frutos que ela produz. Precisamos ser e fazer Discípulos de Jesus Cristo e não há outra forma, senão com o pastoreio eficaz. É no pastoreio que vamos ensinar com muito zelo, carinho e unção nossos jovens à vivência da oração pessoal, a fidelidade à Palavra de Deus, a vivência dos sacramentos, o estudo da Doutrina Cristã Católica, a leitura orante da Palavra de Deus, o exercício e a prática dos carismas, a oração em família, as práticas devocionais e de caridade e muito mais. E o mais lindo nisto, é que enquanto ensinamos os outros pastoreando-os, aumentamos cada vez mais o zelo pela busca pessoal de nossa própria santidade! Nos tornamos modelo, referência para os outros e isto faz com que tenhamos a necessidade de cada vez mais nos tornarmos parecidos com Jesus e com Maria.

4.Retiros de Aprofundamento, com um número não muito grande de participantes, que possam ser acompanhados em pequenos grupos durante o evento, que deve trabalhar temas específicos (oração, vida de santidade, afetividade, frutos do Espírito, Carismas, relacionamentos, vocação, finanças, etc.) e de preferência por um mesmo pregador do início ao fim, para seguir uma mesma linha de raciocínio e formação. Estes retiros devem primar por momentos de silêncio e escuta, bem como pelas partilhas em grupo, a fim de que os jovens possam falar também e não apenas ouvir lindas pregações, mas partilharem de suas realidades pessoais e orarem sobre elas individualmente ou em pequenos grupos.

5.As atividades missionárias costumam atrair muito os jovens, exatamente porque para estas se fazem necessárias boa parte das características próprias da juventude (ousadia, alegria, coragem, generosidade, abertura de coração, sensibilidade, amizade, solidariedade, etc.). Com as atividades missionárias atingimos as duas frentes que precisamos trabalhar, que são os jovens que já conhecem Jesus e os que ainda não o conhecem e ambos são fartamente abençoados por Deus! Elas podem ser realizadas nas praias, nos hospitais, nos colégios, nas universidades, nas praças, de casa em casa, onde quer que seja. Muitas vezes os maiores frutos nas atividades missionárias são colhidos pelos próprios missionários, que fazem a experiência de deixar Deus agir através deles e vivem isto concretamente. As atividades missionárias aquecem o coração de quem participa, proporciona testemunhos pessoais, permite a ação do Espírito Santo, liberta, gera alegria, fortalece a fé e reaviva o Amor de Deus em nós e por nós. Além disso, evidentemente que gerará frutos para os Grupos de Oração e para a RCC e a Igreja como um todo. A RCC é um movimento essencialmente missionário, contudo, em muitos lugares temos nos limitado a atividades voltadas somente para dentro dos Grupos de Oração e o resultado disto, entre outras coisas, é que temos um povo hoje que não sabe mais realizar estas atividades e por conta disto, precisamos dar formações, para algo que sempre foi natural entre nós.

O Papa João Paulo II deposita suas esperanças na juventude. Chamava-a de “As Sentinelas da Manhã”, que anunciam um novo tempo. A Juventude Carismática vive o seu chamado de sentinelas da manhã sendo apostola da efusão do Espírito Santo!

Ierece Gilberto e Marcos Volcan
Extraído de: Boletim do ICCRS - julho / setembro 2010

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