Olá amigos! Este Domingo é muito especial para a Igreja no Brasil! Na cidade consagrada a São Paulo, o Apóstolo das Gentes, para quem o “viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fl 1,21), chegam entre nós a Cruz da Jornada Mundial da Juventude e o Ícone de Nossa Senhora, presentes do Papa João Paulo II aos jovens. Dia histórico! Dia em que somos convidados a olhar para a juventude do Brasil e orar por ela! Dia em que consagramos nossa evangelização juvenil ao Senhor, a quem esta evangelização pertence!
E é exatamente sobre isto que desejo partilhar com vocês neste Papo de Domingo! A Evangelização da Juventude no Brasil e o Evangelho de hoje tem “tudo a ver”! Se é momento histórico então é momento de conversão e de vida! É momento favorável para olharmos para nossos grupos, organismos, lideranças e expressões juvenis e nos esforçarmos para “viver à altura do Evangelho de Cristo” (Fl 1,27a)! E a que o Evangelho nos convoca? A darmos ao Senhor do Reino o direito de “fazer o que quiser com aquilo que lhe pertence” (Mt 20,15), isto é, a condução dos trabalhos em sua Vinha.
Assista o vídeo promocional para a Acolhida da Cruz da Jornada Mundial da Juventude no Brasil
“Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha” (Mt 20,2)
Quando olhamos para muitas de nossas comunidades, percebemos uma grande riqueza! O povo católico é capaz de criar, inventar e reinventar maneiras de tornar o Evangelho mais conhecido e vivido por todos! São pastorais, movimentos, organismos, associações, expressões, comunidades novas, congregações religiosas... que dão às nossas Paróquias e Dioceses o caráter de serem de fato “comunidade de comunidades”.
Nosso Deus não é miserável! É dele a diversidade da natureza! É dele a diversidade de culturas! É Ele um Deus que, de princípio, é comunidade de Três Pessoas. E isto se reflete em nosso meio na maneira como seu Espírito, que conduz a história de nosso povo, a Igreja, distribui seus dons, carismas e ministérios – tantos quantos forem necessários para que o Evangelho se faça real em nosso mundo.
São muitos os trabalhadores chamados! Uns mais antigos, outros mais recentes. Uns mais organizados, outros menos; uns com estatutos e orientações claras, outro não; uns com planejamentos, outros no improviso... Uns da esquerda, outros da direita, alguns de “nenhum”; uns da ação, outros da oração; uns ricos, outros pobres; de tudo o que é tipo de jeito, de tudo o que é tipo de gente...
E na juventude não é diferente... Quantas formas e maneiras distintas de se achegar aos jovens, e feita pelos jovens mesmo! Nossos bispos do Brasil, em 2007, assim nos disseram: “Queremos colaborar com a pluralidade de pastorais, grupos, movimentos e serviços que existem em nossas Igrejas particulares para que trabalhem em conjunto, visando ao bem da juventude, e para que os nossos jovens, reconhecidos como sujeitos e protagonistas, contribuam com a ação de toda a Igreja, especialmente na evangelização dos outros jovens.” (Evangelização da Juventude, 5).
“Estás com inveja, porque estou sendo bom?” (Mt 20,15)
Acontece que o Reino dos Céus é exatamente como esta vinha do Evangelho! E como na vinha do Evangelho, os trabalhadores nem sempre se entendem...
Quando fizemos a experiência deste Reino cada um de nós descobriu o sentido de suas vidas! Eu me lembro muito bem de quando Deus me chamou pra trabalhar nesta vinha, há 17 anos atrás. Eu pensava que todo mundo tinha que fazer a experiência que “eu” tinha feito, do mesmo jeito! De certo modo, isso não era ruim! Afinal, quando descobrimos um tesouro, queremos logo contar para os nossos amigos e partilhar a nossa alegria!
O problema começa quando consideramos que somente a “nossa” experiência é válida... Ou que Deus somente fala por meio de nosso grupo ou nossa expressão juvenil. E quando olhamos para o lado e percebemos que tem gente encontrando sentido na vida de um modo diferente do nosso, achamos estranho. De repente notamos que “o mesmo pagamento”, a “mesma recompensa” de alegria no Espírito, de felicidade por participar de algo grande, de ousadia por querer mudar o mundo, também acontecem fora da cerquinha de nosso grupo... E alguns podem ter a tentação de ficar “verdes” de inveja...
Sim, “inveja” por achar que aquele grupinho está recebendo a mesma atenção que nosso grupo recebia... Inveja por considerar que somente nosso grupo é fiel de verdade ao Evangelho, ou à Igreja, ou à Tradição, ou às Moções do Espírito, ou ao Catecismo da Igreja, ou ao Papa, ou aos Bispos, ou aos Pobres... Inveja porque aqueles que chegaram agora estão sendo acolhidos. Inveja por achar que aqueles que são mais antigos deveriam desaparecer, porque somente “nosso” grupinho novo está respondendo aos novos tempos... Inveja...
“Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti” (Mt 20,14)
A palavra que mais aparece no Salmo de hoje é “tudo”. “O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura. É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz. Ele está perto da pessoa que o invoca, de todo aquele que o invoca lealmente” (Sl 144,9.17-18). E isto não ocorre à toa, do mesmo jeito que não é à toa Jesus usar o termo “Reino de Deus”, ou, no caso de Mateus (que escreve para comunidade judaica e que evita usar a palavra “Deus”) “Reino dos Céus”. O Reinado não é nosso... É dEle. Ele é o Senhor, nós seus “servos inúteis”. Tudo é dEle: todos os “jeitos” de ser Igreja fiéis ao seu Evangelho... Afinal, tudo que é legitimamente humano, é legitimamente divino.
Os filhos da Igreja – todos eles – precisam compreender que o Reino pertence a Deus, e não a nós. Não somos nós os donos da verdade... Nós somos possuídos pela Verdade que é Deus, e precisamos ser fiéis a Ele. Nenhum de nossos grupos, pastorais, movimentos e organismos resume ou inclui tudo da riqueza que é Deus. É Ele o dono da Vinha e tem o direito, justamente porque é o dono, de fazer tudo o que quiser com o que é dEle (Mt 20,15).
Cremos nisto ou não? A Igreja é mistério de Salvação, e não um clubinho de disputas políticas por mais espaço, mais prestígio, mais apoio e mais influência. E ela corresponderá mais ao Reino de Deus se entregar o senhorio de fato a quem tem o direito de ser o Senhor: Jesus Cristo – aquele que MORREU NA CRUZ, renunciando radicalmente a querer ser chefe aos moldes de Pilatos, Anás, Caifás e Herodes. Lembremo-nos, irmãos: A AUTORIDADE DA IGREJA NASCE DA BACIA DO LAVA-PÉS, E NÃO DA BACIA DE PILATOS. ELA BROTA DO LADO ABERTO DO CRUCIFICADO, E NÃO DA MANIPULAÇÃO DE ANÁS E CAIFÁS! ELA SE ALIMENTA DA EUCARISTIA, E NÃO NOS BANQUETES DE HERODES... Não podemos nos perder nas disputas por espaço e poder enquanto jovens à nossa volta precisam que lhes lavemos os pés; que demos a vida por Eles; que lhes alimentemos com o Pão da Vida...
Irmãos condenando irmãos... Denuncismos via Sites... Acusações via Redes Sociais... Instituições umas contra as outras... Boicotes às tentativas de unidade... Brincadeiras de mau gosto com práticas e usos dos nossos irmãos... Piadinhas com outros modelos eclesiais... Tudo isto deveria desaparecer de nosso meio ao lermos este Evangelho de Domingo. “Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Mt 20,16a) É, meus amigos... Sei que peguei pesado... Mas não posso me calar diante daquilo que vejo. Sei que muito já foi feito. Sei que demos passos importantes em nosso país. Mas já que hoje acolhemos a Cruz de Jesus Cristo entre nós, e já que caminhamos para o que pode ser o maior evento católico da história da Igreja no Brasil, então vale a pena refletirmos. Vale a pena nos colocarmos de novo crucificados com Jesus para sermos mais parecidos com Ele. Todos somos dEle! Que saibamos dar a Ele o senhorio na condução de seu povo!
E vamos TODOS JUNTOS caminhar atrás desta Cruz, que passará por TODOS os cantos de nosso Brasil, convocando-nos TODOS à plena comunhão de vida e de amor. Pois o Reino só acontece quando TODOS os filhos do mesmo Pai se reúnem com Ele ao redor de sua Mesa!
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