A partir de hoje traremos, sempre na noite do sábado ou no domingo pela manhã a coluna Papo de Domingo, que traz os ensinamentos do Evangelho numa linguagem jovem e dinâmica. A coluna é escrita pela coordenação nacional do Ministério Jovem e postada originalmente no portal RCC JOVEM.
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Olá amigos Sentinelas da Manhã! Mais de um mês que não conversamos por aqui, não é mesmo? Um pouco antes, durante e um pouco depois da JMJ não me foi possível escrever este Papo de Domingo.Mas agora retomamos, e com uma liturgia especial! Somos convidados a experimentar o perdão de Deus e sermos reflexos deste mesmo perdão!
Assim nos ensina Igreja: “O perdão misericordioso que damos aos outros é inseparável daquele que nós próprios procuramos. Se não formos misericordiosos e não nos perdoarmos reciprocamente, a misericórdia de Deus não chegará ao nosso coração” (YouCat 524).
Nossos cálculos... Acostumados a calcular preços e fazer orçamentos; a prever o tempo; a planejar o futuro; em suma, a calcular a vida; nós, com frequência, queremos calcular e planejar nossos relacionamentos interpessoais. Calculamos qual é a melhor pessoa para sermos amigos, planejamos estrategicamente com quem devemos nos associar para conseguir mais vantagens, prevemos a quem vale a pena ofender e diante de quem devemos necessariamente nos calar, e assim por diante. Racionalizamos tudo... Pedro não escapou a essa tentação: “Quantas vezes devo perdoar meu irmão?” Pergunta ele ao Senhor, pensando ser generoso quando diz sete vezes... Se compararmos Pedro com muitos de nós, veremos que ele realmente foi generoso! Quantas vezes escuto dizer (e às vezes eu disse também o_O): “Uma vez eu perdoo, mas duas vezes é demais!”; “Não olho mais na cara desse traidor!”; “Dei o troco!”; “Essa &#$%$#@% mereceu...”; “Viu como Deus castiga?”
Deus castiga??? O peso das ofensas Nossas ofensas tem pesos diferentes dependendo da situação de quem é ofendido. Por exemplo: posso dar um beliscão no meu cachorro, em uma criancinha de colo, no meu filho, no meu irmão, no meu amigo, no meu chefe no trabalho, ou na Rainha da Inglaterra... O ato ofensivo é o mesmo: dar um beliscão. Mas o significado do fato ofensivo varia de acordo com a importância do ser que é ofendido. Ao beliscar meu cachorro posso simplesmente “pagar” minha ofensa recebendo uma mordida... Mas, se beliscar meu chefe, dependendo do contexto, pago com meu emprego. E se beliscar a Rainha da Inglaterra, certamente vou pra cadeia acusado de terrorismo! Imagine o significado e a importância que tem “dar um beliscão em Deus”?
Em outras palavras, uma ofensa feita a Deus tem o “peso de Deus”, isto é, tem valor infinito. Se uma ofensa à Rainha da Inglaterra me faz ir pra cadeia para reparar meu crime, uma ofensa ao Senhor dos Senhores não pode ser reparada... Deus é o onipotente. Se quiser “cobrar” minhas ofensas e dívidas, estou simplesmente perdido! Na verdade, diante Deus estamos sempre em dívida! Ele nos criou por amor, nos salvou por amor, nos santifica por amor, nos sustenta na existência por amor. Jamais poderemos pagar tamanho amor! É uma “enorme fortuna” (Mt 18,24).
Além disso, nossos pecados ofendem a Deus, que tem importância infinita. Nossa ofensa tem peso universal e infinito diante de Deus. Jamais poderíamos pagar, seja qual fosse o preço (castigo?) a ser cobrado pelo pecado. Tudo é dele! Nada pode ser dado a Ele que já não o pertença: “vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor.” (Rm 14,8) NOSSA DÍVIDA É IMENSA!!! Mas Deus não a cobrou! Não colocou no “Serviço de Proteção ao Crédito”! Ele simplesmente a perdoou, porque “quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem” (Sl 102,11). O Deus feito homem (Jesus Cristo) se negou a cobrar a dívida! Não executou a pena de morte que pesava para conosco! Ele escolheu morrer a nos matar! Escolheu perdoar e amar! Ele nos deu sua vida e no perdão de nossas dívidas, nos recriou em sua misericórdia! Somente um amor infinito pode perdoar uma dívida infinita! EIS O NOSSO DEUS!!! Se Deus é assim... Se Deus, que é ofendido infinitamente, é assim, nós estamos obrigados a perdoar!
Voltemos aos beliscões... Se a Rainha da Inglaterra perdoasse meu beliscão, eu deveria ter, no mínimo, vergonha de exigir compensação pelo beliscão de uma criancinha de dois anos de idade! É este o caso da parábola de hoje! Se Deus perdoa infinitamente, quem sou eu para limitar o meu perdão? Não posso e nem devo calcular o perdão! Como Jesus devo dizer sempre: “Pai, perdoai-o, porque não sabe o que faz”. Não nos custa muito: silenciar diante de um ataque de histeria; falar amavelmente com quem me ofendeu; respeitar quem me insultou, sem procurar dar-lhe o troco; dar a mão ou mesmo abraçar a quem se aproxima para pedir desculpas, ao invés de fazer “bico”; lutar e preferir sofrer mas não buscar a vingança; adiantar-me em saudar aquele com quem tive uma desavença; rezar por quem me ofendeu; convencer-me de que não era intenção da pessoa ofender-me; passar por cima das pequenas ofensas do dia a dia... Na verdade, não nos custa nada... Mas significa tudo!
Significa que, por ser mais parecido com Deus, poderei viver com Ele para sempre! Por ser semelhante a Ele no amor, participarei com Ele da vida! E serei mais feliz! A eucaristia é a mesa da comunhão: Comunhão com os irmãos, pois nos sentamos ao redor da mesma mesa e comemos do mesmo Pão! Comunhão com Deus, que se senta à mesa conosco e manifesta ser nosso amigo! Comunhão no Reino, pois quem comunga partilha com Deus e os irmãos os ideais e a vida de Jesus! A Eucaristia celebra nossa reconciliação com Deus feita na Cruz!
É o sacrifício deste perdão dado no alto do Calvário e atualizado para nós hoje. É o maior sinal de um Deus que não nos cobra as nossas dívidas, mas se faz dádiva presente nas espécies do pão e do vinho. Ao olharmos para o Senhor dos Senhores, olhemos também para os “pobres endividados” dos nossos irmãos e irmãs que nos ofenderam, que não merecem, mas podem receber nosso amor e perdão. Afinal, nós também não merecemos, mas fomos amados por Deus com todo o amor de seu Coração!.
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