terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A pessoa orante e a comunidade orante

A oração é um dom da graça e uma resposta decidida de nossa parte. Supõe sempre um esforço. Os grandes orantes da Antiga Aliança antes de Cristo, como também a Mãe de Deus e os Santos com Ele, nos ensinam: a oração é um combate. Contra quem? Contra nós mesmos e contra os embustes do Tentador, que tudo faz para desviar o homem da oração, da união com seu Deus. Reza-se como se vive, porque se vive como se reza. Se não quisermos habitualmente agir segundo o Espírito de Cristo, também não poderemos habitualmente rezar em seu Nome. O “combate espiritual” da vida nova do cristão é inseparável do combate da oração. (CIC 2725).

Para que possamos prosseguir decididamente nos caminhos que o Senhor nos aponta na missão na RCC, é fundamental que sejamos pessoas orantes que se relacionam com Deus através de uma espiritualidade profunda, disciplinada e constante.

A oração é um dom que consiste propriamente na elevação da alma a Deus. Este dom nos é concedido pelo Espírito Santo para que possamos obter os demais auxílios que necessitamos para continuarmos perseverando na fé a fim de obtermos a salvação. Desta forma, devemos com insistência pedir a Deus este maravilhoso presente.

Se a oração não for uma constante em nossa vida, poderíamos até afirmar que são inúteis todas as ações, propósitos e promessas que fazemos. Deus não concede senão a quem reza com esperança e com muita perseverança. “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto”. (Mt. 7,7)

Jesus é o nosso modelo de fidelidade na oração e nos ensinou que devemos imitá-lo nesta fidelidade de orar sempre (cf. Lc 18,1). Os Apóstolos e as primeiras comunidades cristãs seguiram os passos de Jesus e nós, batizados, também somos chamados a imitá-Lo sendo pessoas orantes.

A pessoa orante de verdade permanece em oração até quando está dormindo, porque todo o sentido de sua vida está em Deus, além da alegria de dialogar com o Senhor a sós e junto dos outros irmãos da comunidade, porque Deus é o nosso Pai e juntos fazemos parte desta mesma família do Senhor. Viver a oração é ter uma consciência cada vez maior de que Deus está conosco, acompanhando e dirigindo os nossos passos, ajudando-nos a fazer tudo com muita consciência e com muita alegria.

Porém, o mais importante que orar é ser uma pessoa orante, porque a perseverança na oração nos faz enxergar com clareza a nossa missão e desenvolvemos força espiritual que não nos deixam desanimar.  É impossível você exercer um ministério, ser servo ou coordenar um Grupo de Oração, por exemplo, se você não for uma pessoa orante. Se você não for constante em sua oração pessoal, muito provavelmente você não vai conseguir ter êxito na sua missão. Se você, meu querido irmão e irmã, não for uma pessoa de oração diária, nunca chegará ao ponto onde Deus definiu para o seu ministério. Você pode até ser um coordenador ou um servo bonzinho, mas não vai ser instrumento de Deus para mudar a vida das pessoas. É impossível servir a Deus se você não for uma pessoa orante.

Através da oração podemos escutar o Senhor que deseja nos orientar e nos ajudar a levarmos em frente a nossa missão em nosso Grupo de oração. Não podemos ter dúvidas de que o Senhor deseja nos dar a direção para as nossas Reuniões de Oração a cada semana. Mas, para isso, é preciso que tenhamos a disposição para ouví-lo, de nos colocar em atitude de escuta e de obediência. Quando oramos atingimos o sobrenatural de Deus e passamos aí a contar com a ajuda do divino na dimensão espiritual. Jesus ensinou santa Faustina que quando oramos as realidades começam a ser mudadas na dimensão espiritual e, no tempo de Deus, aquilo que já se ordenou na dimensão espiritual, se ordenará também na dimensão natural, porém é preciso que tenhamos a perseverança para aguardar em oração, no tempo de Deus, o cumprimento das suas promessas.

Maria Santíssima é a orante perfeita. As Escrituras nos ensinam como Maria ora e intercede na fé: podemos ver em Lucas 1,46-55 a oração do Magnificat, e em João 2,1-12, quando ela pede a seu Filho pelas necessidades dos noivos nas bodas de Caná. A Virgem é modelo de pessoa orante para todos os cristãos. Maria nunca desanimou, mesmo quando tudo parecia perdido, mesmo nas piores dores, ela sempre se manteve firme na esperança e na oração. Por ser uma pessoa orante ela venceu o inimigo pisando em sua cabeça.

Também nós precisamos olhar para esta atitude de Maria Santíssima e nos decidir a imitá-la sendo uma pessoa de oração contínua em todas as circunstâncias da nossa caminhada. A oração nos prepara para vencer os desafios da nossa vida e da nossa missão, nos dá maturidade e têmpera para enfrentarmos com resignação e vitória as dificuldades. Portanto, não espere sofrer para rezar, reze antes para saber sofrer.

Quando nos decidimos a ser pessoa orante, aos poucos se vai formando uma comunidade orante onde é possível a vivência do amor fraterno. A oração desta comunidade sustenta e anima a missão em nossos Grupos de Oração, em nossos encontros, etc. Sem a oração, nossos esforços missionários resultam em quase nada, mas com a oração somos mais que vencedores em Cristo Jesus.

Sobretudo neste tempo de graça que estamos vivendo na RCC do Brasil, onde somos chamados por Deus a semear a Cultura de Pentecostes e a exercer o nosso ministério com combatividade profética, é imprescindível exercer o nosso ministério com profetismo, com coragem e com maturidade espiritual que devemos alcançar na oração para podermos evangelizar mais e melhor.

Um profeta é alguém que fala em nome do Senhor e isso requer maturidade e coragem. Uma comunidade é profética quando, com sua vida, proclama a Palavra de Deus. Quando esta comunidade e as pessoas que nela convivem estão em reciprocidade com a Palavra de Deus, podemos dizer que esta comunidade é verdadeiramente profética. Porém, para poder viver a Palavra de Deus a pessoa ou a comunidade deve ser orante. Por conjectura há uma grande diferença entre proclamar muitas orações e ser orante. Esta última significa procurar permanecer em constante comunicação com o Senhor e não limitar a sua relação com Deus apenas aos momentos particulares, ainda que estes também sejam imprescindíveis.

Há dois mil anos, os primeiros discípulos de Jesus reunidos na sala do Cenáculo em Jerusalém, no evento de Pentecostes, experimentaram o cumprimento da Promessa de Deus que consiste no derramamento do Espírito Santo. Percebe-se nesta comunidade que a perseverança na oração era um traço muito forte que os caracterizava como uma comunidade orante. O avanço do anuncio do Evangelho e a sua eficácia deveu-se em muito às orações dos primeiros cristãos que perseveravam unanimemente na vivência fraterna e, sobretudo, na oração.

A oração da comunidade é eficaz e move o céu em favor da Igreja, pois a promessa de Jesus quando disse: “...onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt, 18,20) sempre se cumpre quando a comunidade se reúne para orar. Se Jesus se faz presente sempre que nos reunimos em oração, devemos ter a certeza e a segurança de que nada, nem ninguém serão capazes de impedir que esta comunidade orante consiga em Deus realizar a sua missão, pois Deus mesmo tratará de cumprir suas promessas para que isso seja possível.

Luiz Cesar Martins
Coordenador nacional do Ministério de Intercessão

Um comentário:

  1. O mundo não reza, se reza, não ora. Parentes e amigos que moram distantes ou colegas antigos e que se visitam ou se veem muito raramente, quando se encontram falam muito, bebem muito, comem muito, riem muito, fazem tudo menos rezar, se rezam não oram. Transformam suas relações naturais em relações contra a natureza. Trocam suas orações por trocas de informações. Não oram, fofocam...:)

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