terça-feira, 3 de maio de 2011

O Histórico da Renovação Carismática Católica

A Renovação Carismática não deve ser entendida como um movimento, mas como um "mover do Espírito Santo", que resgata valores da própria Igreja em nossos dias, antes esquecidos ou desvalorizados. É a própria ação da Misericórdia de Deus sobre o seu povo, ação esta que não é inédita, mas acontece hoje como nunca antes.

A Renovação Carismática apareceu na Igreja Católica no momento em que se começava a procurar caminhos para pôr em prática a "Renovação da Igreja" desejada, ordenada e inaugurada pelo Concílio Vaticano II.

 

HISTÓRICO DA RCC:

Na Constituição Apostólica de 25 de dezembro de 1961, com a qual convocava o Concílio Vaticano II, Sua Santidade João XXIII expressava seus desejos, seus anseios e suas preces, nestes termos:

"Repita-se, pois agora, na família cristã, o espetáculo dos apóstolos reunidos em Jerusalém depois da ascensão de Jesus ao céu, quando a Igreja nascente se encontrou toda reunida em comunhão de pensamento e oração, com Pedro e em redor de Pedro, Pastor dos cordeiros e das ovelhas. Digne-se o Espírito divino escutar, de maneira mais consoladora, a oração que todos os dias sobe até Ele de todos os recantos da terra: Renova em nossos dias os prodígios como em um novo Pentecostes e concede que a Santa Igreja, reunida em unânime e mais intensa oração em torno de Maria, Mãe de Jesus e guiada por Pedro, propague o reino do divino Salvador, que é reino de verdade, de justiça, de amor e de paz. Assim seja".

O Concílio foi encerrado pelo Papa Paulo VI, na Praça de São Pedro, no dia 8 de dezembro de 1965. E, desde então, começou-se a produzir em todo o mundo um ressurgir dos carismas, uma "renovação espiritual" que Paulo VI qualificou como "uma oportunidade providencial para a Igreja e para o mundo".

Em Pittsburgh

Não se havia passado um ano do término do Concílio, quando em Agosto de 1966, durante o Congresso Nacional de "Cursilhos de Cristandade", Steve Clark, formado pela Universidade de Duquesne, em Pittsburgh (Pensilvânia), mencionava o livro "A Cruz e o Punhal" de John Sherril, sobre o apostolado de David Wilkerson entre os drogados de Nova York, dizendo-lhes que esse livro o intrigava e o inquietava, e incitava para que o lessem.

No Outono de 1966, vários homens católicos, membros de faculdades da Universidade de Duquesne dos Estados Unidos, reuniam-se freqüentemente para momentos de oração fervorosa e para conversar sobre a vitalidade de sua vida de fé. Aqueles professores haviam-se dedicado durante muitos anos ao serviço de Cristo, entregando-se a várias atividades apostólicas. Apesar de tudo isso, estavam sentindo que algo faltava na sua vida cristã pessoal. Ainda que não pudessem especificar o porquê, cada um reconhecia que havia certo vazio, uma falta de dinamismo, debilidade espiritual em suas orações e atividades. Era como se a vida cristã dependesse demasiado de seus próprios esforços, como se avançassem sob seu próprio poder e motivados por sua própria vontade.

Conscientes de que a força da comunidade cristã primitiva estivera na vinda do Espírito Santo em Pentecostes, começaram a orar para que esse divino Espírito manifestasse neles sua presença cheia de poder, em favor de sua própria vida espiritual e do trabalho apostólico.
Dessa forma, os professores de Pittsburgh começaram a pedir em oração que o Espírito Santo lhes concedesse uma renovação e que o vazio que seus esforços humanos haviam deixado fosse plenificado com a vida poderosa do Senhor ressuscitado. Cada dia os homens rezavam uns pelos outros, pedindo "Vem, Espírito Santo!"

Desejosos de entrar em contato com alguma pessoa conhecedora das experiências do Espírito, entrevistam William Lewis, sacerdote episcopal, que os põe em contato com a sra. Betty de Schomaker, que dirigia em sua casa uma reunião de oração pentecostal. A reunião tem lugar em casa do Sr. Lewis, no dia 6 de janeiro de 1967, Festividade da Epifania do Senhor.
Em 13 de janeiro, os professores de Pittsburgh, com a sra. Schomaker, vão à casa de Flo Dodge para assistir à primeira reunião de oração. Foram eles: Ralph Keiner (instrutor de teologia) e sua esposa Pat; Patrick Bourgeois (instrutor de teologia) e William Storey. Era a oitava da Epifania e o dia marcado pela Liturgia para comemorar o batismo de Jesus no Jordão e sua unção pelo Espírito Santo.

Em 20 de janeiro, Ralph Keiner e Patrick Bourgeois assistem à segunda reunião de oração e suplicam que se ore por eles pedindo o batismo no Espírito Santo. Nessa ocasião Ralph recebe o dom das línguas. Na semana seguinte Ralph impõe as mãos aos seus outros companheiros para receberem o batismo no Espírito Santo. Em fevereiro de 1967 os quatro católicos de Pittsburgh haviam recebido o batismo no Espírito Santo.

De sexta-feira 17 ao domingo 19 de fevereiro, mais de 30 pessoas fazem um retiro de fim-de-semana, "o retiro de Duquesne". Passam todo o dia 18, sábado, em oração e estudo. À noite oram para pedir o batismo no Espírito Santo e muitos deles têm a certeza espiritual, confirmada pela transformação interior e pela manifestação de dons do Espírito Santo, de que sua oração havia sido atendida. Gozam a experiência de um pentecostes pessoal e em comunidade. Foi para eles uma verdadeira "atualização de Pentecostes".

Na Universidade de Notre Dame South Bend, Indiana

Em fins de janeiro de 1967, Bert Ghezzi comunica a universitários de Notre Dame o que está se passando em Pittsburgh.

Em fevereiro, antes de retiro de Duquesne, Ralph Keifer vai a Notre Dame e narra suas experiências. Passando o retiro de 17 a 19 de fevereiro que aconteceram durante aqueles dias.
No sábado, 4 de março, um grupo de uns 30 estudantes universitários reúnem-se na casa de Kevin e Doroth Ranaghan. Um professor vindo de Pittsburgh partilha o que havia sucedido em Duquesne e, em 5 de março, o grupo inteiro pede a imposição das mãos para receber o batismo no Espírito Santo com seus dons e frutos, e que assim suas vidas sejam mais plenamente cristãs. A resposta não se faz esperar. Experimentaram, antes de tudo, uma profunda mudança interior: tornam-se "homens novos", mas recebem também carismas do Espírito Santo para dar, com audácia, testemunho de Jesus no mundo atual.

Depois da Semana Santa, organiza-se em Notre Dame um retiro com o fim de discernir o que Deus está querendo através desses acontecimentos. Participam umas 80 pessoas: 40 de Notre Dame entre estudantes, sacerdotes e professores; e outras 40 da Universidade do Estado de Michigan, entre os quais Steve Clark e Ralph Martin. No outono de 1976 estes se transferem para a Universidade de Michigan, em Ann Arbor.

No começo dos anos 70, alguns sacerdotes jesuítas, entre eles Pe. Haroldo Hahn e Pe. Sales, começaram a realizar retiros chamados de Experiência do Espírito Santo, mais tarde Experiência de Oração, pelo Brasil todo. Simultaneamente outros padres e leigos, em diversos pontos, começaram também a experimentar um novo ardor na evangelização e nos trabalhos apostólicos.
No início, a Renovação atingiu os líderes já engajados em movimentos como Cursilho, Encontros de Juventude, TLC, etc e gradativamente foi se ampliando como uma nova "onda" de evangelização com identidade própria.

A adesão do Pe. Jonas Abib (Canção Nova) e Pe. Eduardo Dougherty (Associação do Senhor Jesus) logo no início da experiência de Pentecostes no Brasil, deu um alento extraordinário à RCC, que cresceu a partir do trabalho missionário de ambos. Já em 1974, em Itici, era realizado o Primeiro Congresso Nacional da RCC, sob a coordenação do então Pe. Silvestre Scandian (hoje Arcebispo de Vitória - ES) e com a presença do Pe. Robert De Grandis, Fr. João Batista vogel e Fr. Wilfred Tunnick.

Em outras regiões a RCC começa a crescer a partir do Congresso de 1974: no Norte, a diocese de Santarém, com o Frei Paulo; em Anápolis, no Centro Oeste, com o Frei João Batista Vogel; em Pouso Alegre, no Sul de Minas, com Mons. Mauro Tomasini, e poderíamos citar muitos e muitos pontos e pessoas que foram instrumentos para que esta benção fosse acessível a todos: Pe. Schuster; Peter e Ingrid Orglmeister; D. Cipriano Chagas; Cardeal Suenes; Pe. Alírio Pedrini; Frei Antônio; Ir. Tarsila; Maria Lamego, Ir Stelita... e tantos outros missionários do Espírito Santo que espalharam este "fogo" pelo Brasil, cumprindo assim o desejo do Senhor que quer que "toda a terra se abrase".

A RCC no Brasil é uma expressão eclesial, realiza um trabalho pastoral evangelizando através dos Grupos de Oração, principalmente. A experiência de Pentecostes é fundamental para a evangelização, já que a pregação do Evangelho não é "uma demonstração da argumentação e da inteligência humana, mas sim do poder do Espírito Santo" (cf. 1Cor 2,13; 1Tes 1,5).

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