O Santo Padre Francisco na manhã deste domingo (20), da janela do escritório do Palácio Apostólico, rezou o Angelus com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro. Estas são as palavras pronunciadas pelo Papa antes da oração mariana:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia.
Neste domingos a liturgia apresenta algumas parábolas evangélicas, ou seja, histórias curtas que Jesus usou para anunciar à multidão o reino dos céus. Dentre as presentes no Evangelho de hoje, há uma bastante complexa: Jesus dá aos seus discípulos a explicação da boa semente e do joio, que aborda o problema do mal no mundo e destaca a paciência de Deus (cf. Mt 13,24-30, 36-43). A cena se passa em um campo onde o proprietário semeia o trigo; mas uma noite o inimigo vem e semeia joio, um termo que vem da mesma raiz hebraica do nome "Satanás", e refere-se ao conceito de divisão. Todos nós sabemos que o diabo é um "divisor", aquele que sempre tenta dividir as pessoas, as famílias, as nações e os povos. Os servos queriam logo arrancar a erva daninha, mas o proprietário impede, justificando: "Pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo" (Mt 13, 29), para que saibamos que a erva daninha, quando cresce, se parece com a semente boa e existe o perigo de confundi-las.
O ensinamento da parábola é duplo. Primeiro, diz que o mal do mundo não vem de Deus, mas do inimigo, o Maligno. Curiosamente, o maligno vai à noite para semear a discórdia, no escuro, na confusão; ele vai onde não há luz para semear a discórdia. Este inimigo é astuto: semeou o mal no meio do bem, de modo que é impossível para nós separá-los claramente; mas Deus, no fim dos tempos, poderá fazê-lo.
E chegamos ao segundo tema: a contraposição entre a impaciência dos servos e a espera paciente do proprietário do campo, que representa Deus. Nós, às vezes, temos pressa de julgar, classificar, colocar aqui o bom e, para lá, o mau... Mas lembrem-se da oração do homem orgulhoso: "Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros (...)" (cf. Lc 18,11-12). Mas Deus sabe esperar. Ele olha para o "campo" da vida de cada pessoa com paciência e misericórdia: Ele vê muito melhor do que nós a sujeira e o mal, mas também vê as sementes do bem e espera com confiança que amadureçam. Deus é paciente, sabe esperar. Que lindo isso: o nosso Deus é um pai paciente, que sempre espera por nós e nos espera com o coração na mão para nos acolher, para nos perdoar. Ele sempre nos perdoa se vamos a Ele.
A atitude do proprietário é a da esperança fundada na certeza de que o mal não tem nem a primeira nem a última palavra. E é graças a esta esperança paciente de Deus que a própria cizânia, ou seja, o coração ruim, com tantos pecados, pode se tornar ao fim trigo bom. Mas cuidado: a paciência evangélica não é indiferença ao mal; não se pode fazer confusão entre o bem e o mal! Diante das cizânias presentes no mundo, o discípulo do Senhor é chamado a imitar a paciência de Deus, a alimentar a esperança com o apoio de uma fé inabalável na vitória final do bem, que é Deus.
No final, de fato, o mal será retirado e eliminado: no momento da colheita, que é o julgamento, os ceifeiros executarão a ordem do mestre separando o joio para queimar (cf. Mt 13,30). Naquele dia, da colheita final, o juiz será Jesus, Aquele que semeou boa semente no mundo e que tornou-se o "grão de trigo" que morreu e ressuscitou. No final todos nós seremos julgados com a mesma medida com a qual julgamos: a misericórdia que tivemos para com os outros também será usada conosco. Peçamos à Virgem Maria, nossa Mãe, que nos ajude a crescer na paciência, na esperança e na misericórdia para com todos os irmãos.
Fonte: Canção Nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Escreva sua mensagem aqui!!!